No caso da promoção dos direitos das mulheres, a história do jornalismo tem muitos palmarés e já antes do 25 de abril de 1974 os jornais davam conta da situação das mulheres. Muitos profissionais escreveram sobre as dificuldades, as disparidades, a urgência de encarar a vida das mulheres numa perspectiva de paridade. Duas jornalistas ímpares denunciaram – e continuam a fazê-lo – sem receio de incomodar: Maria Antónia Palla e Maria Teresa Horta. Existem mais jornalistas que merecem este reconhecimento, mulheres e homens, pessoas que lutam na área da comunicação para que não se calem realidades. Este exercício de exposição do que acontece, contabilizando factos, recolhendo testemunhos, procurando dados e informações fiáveis, e de fontes distintas, é o caminho do jornalismo; logo, o caminho da defesa dos direitos das mulheres, das crianças, dos trabalhadores, dos animais, do clima e tudo o mais que se queira. A enorme vantagem do jornalismo é centrar-se nas pessoas e, consequentemente, todas importam, todas têm uma história passível de ser contada.
É importante entender a dimensão de serviço público inerente ao jornalismo, sobretudo um trabalho isento. O acesso a fontes de informação diferenciadas faz parte do código de conduta. O jornalismo também é isso, aceder a várias perspectivas, dar palco a diferentes vozes – para que nada seja escondido, nada seja calado. E para que as manipulações de informação e contra-informação sejam dribladas a bem de todos. Nos dias que vivemos, com as redes sociais e outros fenómenos de partilha de dados, estamos contaminados por aquilo a que chamamos “jornalismo de cidadão” e pelo deturpar de informação de forma deliberada. O jornalismo digno desse nome só pode denunciar, apontando o dedo e lutando, também, pelo direito de relatar os factos.
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