“Sendo um projeto de inovação internacional do Grupo Altice teremos de ceder espaço às outras geografias, obviamente que Portugal teve a primazia porque é cá que está a Altice Labs, mas agora vamos a Paris ou Nova Iorque ter a 4ª edição dos Altice International Inovation Awards”, referiu ao SAPO24, Alexandre Fonseca, CEO da Altice em entrevista à margem da cerimónia dos prémios realizada em Lisboa.
Do ponto de vista de formato, o grupo quer manter a segmentação entre startups e universidades, as duas categorias-âncora nas quais distingue e premeia projetos de inovação, mas também aqui poderá ter lugar um alargamento na fase de triagem de projetos. “Temos candidaturas de vários países, temos feito o screening em Portugal e França, no próximo ano será provavelmente que comece nos EUA”, revela também Alexandre Fonseca. Mantém-se, em qualquer dos casos, a lógica internacional, sem barreiras a qualquer geografia: “temos candidatos de todo o lado, o ano passado tivemos da Europa do Leste dois candidatos finais que estiveram a representar a academia. Nestes anos, tivemos cerca de 300 candidaturas, no próximo ano antecipamos ter uma centena mais”.
Ainda sobre as categorias premiadas, apesar do 5G e as novas plataformas de streaming serem dois temas chave no atual cenário da indústria de telecomunicações, a Altice não planeia criar segmentos específicos para projetos nestas áreas. “A segmentação é feita de dois pontos muito importantes e que têm provado ser um sucesso: os projetos já reais – startups – e estudantes universitários que terminaram agora o curso, estudantes de mestrado ou doutoramento que estão ainda em fase de investigação. O projeto vencedor na categoria de startups já conseguiu a captura de cerca de dois milhões de euros de financiamento numa cal; são empresas que estão a começar, mas que têm estrutura, muitas já têm clientes, algumas já têm projetos piloto na rua, patentes a serem licenciadas. A segunda categoria é completamente diferente, e obviamente que quando avaliamos os modelos de negócio associados temos de ter uma visão um bocadinho menos critica, porque estes estudantes têm menos sensibilidade para o tema “modelo de negócio”.
Na componente de mercado e de test drive a novos produtos, a Altice conta com outra iniciativa, os prémios IoT onde a parceria para a abordagem conjunta a clientes tem um peso explícito. Altice e mais concretamente da PT Empresas, ao contrário do que se passa nos Innovation Awards cujo leque temático é bem mais alargado – como aliás ficou evidente no caso da startup vencedora deste ano, um projeto ligado ao diagnóstico da doença de Alzheimer. “ É verdde que muitas vezes quando não há uma ligação tão profunda, pode ser menos óbvia a parceria, mas o que oferecemos além do prémio monetário é a possibilidade destas empresas poderem ter as portas escancaradas dos mercados onde a Altice opera, a trabalhar com as nossas equipas de B2B, a área empresarial, Altice Labs, áreas de engenharia, e identificar oportunidades de negócio concretas junto da nossa base de clientes onde estas soluções possam ser aplicadas. O objetivo é não só com os vencedores, mas também os finalistas, surgirem novas oportunidades de negócio”.
Se a entrada no mercado ou em novos clientes é decisiva para as startups, para quem trabalha em investigação o financiamento desempenha um papel mais determinante. “Segundo o contacto que tenho tido com alguns destes jovens que estão no concurso, nas startups parece mais ou menos evidente que o dinheiro ajuda, mas a grande oportunidade é o abrir portas para mercados em que dificilmente seriam atingíveis para eles neste estádio de evolução das empresas”, diz Alexandre Fonseca. “Para a academia, como estamos a falar de projetos de investigação puros e duros, precisam de maturação, e para isso ou há um ecossistema de inovação que suporte essa investigação financeiramente ou como se costuma dizer ‘o dinheiro ajuda imenso’”.
A maior preparação dos jovens fundadores de empresas, sejam gestores ou investigadores, é para Alexandre Fonseca uma das principais mudanças a que se assiste em Portugal. “Há quatro anos, um jovem estudante universitário que chegava a um concurso destes não tinha nem de perto nem de longe a maturidade que hoje vemos. Isto significa que a própria indústria está também a amadurecer e nota-se uma crescente qualidade dos projetos, em particular ao nível da academia, e em termos absolutos uma maturidade diferente nas startups, que é natural, pois são empresas que estão em fase de arranque, mas são empresas”.
A outra mudança visível até ao nível dos projetos vencedores é no aumento da participação de mulheres não apenas no concurso, de forma global, mas nas áreas de engenharia de forma mais específica. “Temos cada vez mais mulheres ligadas à tecnologia, esse é um facto, não deixa de ser curioso que em dois anos consecutivos os dois prémios da academia são para duas investigadoras portuguesas, portanto, isso também mostra que a tecnologia e a engenharia cada vez mais são disciplinas que estão a ser seguidas e uma área vocacional que tem cada vez mais mulheres”.
A edição deste ano dos Innovation Awards foi ganha, na categoria academia, pela Neural Motor Behaviour in Extreme Driving e, na categoria startups, pela iLOF, que foi também o projeto reconhecido com a distinção Born From Knowledge pela Agência Nacional de Inovação. A iLof recebeu um prémio monetário de 50.000 euros e a possibilidade de realização de um piloto (prova de conceito) com o Grupo Altice. O projeto recorre a algoritmos de inteligência artificial aplicados a big data, para potenciar o sucesso dos ensaios clínicos em doenças neurodegenerativas, nomeadamente nos doentes de Alzheimer, com vista a uma redução de custos e a uma seleção mais eficaz de pacientes.
O melhor projeto entre os finalistas de mestrado e doutoramento, o Neural Motor Behaviour in Extreme Driving, recebeu um prémio monetário no valor de 25.000 euros. O projeto explora o cruzamento e a análise da informação recolhida sobre as reações neurocognitivas e neuromotoras, a fim de avaliar e prever o desempenho do ser humano em condições extremas de condução, de modo a tirar ilações que possam reforçar, entre outros, a evolução da condução autónoma.
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