O documentário tinha sido inicialmente pensado para assinalar os 25 anos do álbum de estreia, “Dou-lhe com a Alma” (1995), mas o anúncio do concerto de reunião da banda, no festival Alive, inicialmente previsto para 2020, levou a uma mudança de planos e “Da Weasel: Agora e para sempre” acabou por abranger toda a história do grupo, contou à Lusa o seu autor, Bruno Martins.
No documentário, da Antena 3, são os seis elementos dos Da Weasel — Jay, Pacman (que o público agora conhece como Carlão), Virgul, Guilhas, Quaresma e DJ Glue — a revisitar uma série de episódios marcantes da carreira da banda, que deu os primeiros passos no início dos anos 1990 e anunciou o final em 2010.
“É uma história que começa em Almada com os dois irmãos [João e Carlos Nobre — Jay e Pacman] e há camadas que foram sendo adicionadas e outras que foram sendo tiradas. A vida de uma banda é feita disso”, referiu Bruno Martins.
Ao contrário de outros documentários, “Da Weasel: Agora e para sempre” não revisita o arquivo da banda. As histórias que os elementos do grupo contam ganham vida através das ilustrações de António Piedade.
Embora a história seja contada pela última formação da banda, “não se deixou que outros elementos ficassem de fora, fazendo-os falar da entrada do Armando [Teixeira], da entrada da Yen Sung, da participação do Boss AC, ou do aparecimento do Sam The Kid a dada altura da vida deles”.
As gravações foram feitas em fevereiro de 2020, “em apenas um dia”, numa paragem nos ensaios para o concerto no festival Alive.
“A Catarina [Peixoto, que realizou o documentário] tinha a ideia de pô-los em círculo, com o carril das câmaras a andar à volta deles, e não queríamos que houvesse um entrevistador em cena”, recordou Bruno Martins, que ia fazendo algumas perguntas, mas “estava escondido atrás de uma tela preta”.
Nas gravações, Bruno Martins pediu aos seis “para continuarem sempre a olhar uns para os outros”, porque a ideia “era mesmo pô-los a conversar entre eles”.
O mote é dado por DJ Glue, o último a entrar para a banda, “que pergunta como é que nasceram os Da Weasel”. Depois, “a conversa foi-se tornando tão fluida que quase não foi necessária intervenção”.
Após as gravações, a menos de um mês do primeiro confinamento, ditado pela chegada da pandemia da covid-19 a Portugal, Bruno Martins e Catarina Peixoto tiveram “apenas tempo para montar o rascunho da entrevista e o resto foi tudo feito à distância, via zoom, videochamada e teams, com o António Piedade”, com quem já tinham trabalhado num vídeo de celebração dos 25 anos da Antena3.
A pandemia acabou por adiar a reunião dos Da Weasel em palco e, consequentemente, a divulgação do documentário, que é apresentado em antestreia, na quinta-feira, na Academia Almadense.
A antestreia será “para fãs” e a Antena3 está a oferecer entradas através das redes sociais.
“A banda vai estar presente e vão estar à conversa comigo, a Catarina Peixoto e o António Piedade no final da projeção”, adiantou Bruno Martins.
Depois, “Da Weasel: Agora e para sempre” será exibido no festival de cinema Curtas de Vila do Conde, que decorre entre 09 de 17 de julho, na secção criativa Stereo.
Mais tarde, o documentário vai ser disponibilizado nas plataformas Youtube, na conta da Antena3, e RTP Play.
Os Da Weasel anunciaram em 2009 querer fazer uma pausa, depois de anos consecutivos de concertos e gravações discográficas.
No ano seguinte, era anunciado oficialmente o fim do grupo, restando aos fãs a discografia até então editada – seis álbuns de estúdio, um EP e dois DVD ao vivo – e canções como “Good Bless Johnny”, “Dúia”, “Agora e para sempre (a paixão)”, “Ressaca”, “Dou-lhe com a alma”, “Dialectos de ternura” e “Tás na boa”.
“Amor, Escárnio e Maldizer” foi o último álbum de originais que o grupo editou, em 2007, e que na altura representava um amadurecimento da sonoridade, entre o ‘hip-hop’ e o rock pesado.
A discografia dos Da Weasel inclui ainda o EP “More than 30 motherf****s” (1994), “Dou-lhe com a alma” (1995), “3.º Capítulo” (1997), “Iniciação a uma vida banal – o manual” (1999), “Podes fugir mas não te podes esconder” (2001) e “Re-definições” (2004).
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