Os peticionários, lê-se no texto, solicitam a Fernando Medina para, “em natural articulação com o ministério da Cultura e a direção do Museu Nacional da Música [MNM], viabilizar uma solução imediata que permita uma nova instalação do MNM em Lisboa, em condições adequadas, permanentes e com capacidade de expansão, sem prejuízo de outras formas de desconcentração geográfica e descentralização funcional consideradas necessárias agora ou no futuro”.
A petição da Associação dos Amigos do Museu da Música foi colocada há cerca de cinco horas conta perto de duas dezenas de assinaturas, entre as quais a do ex-ministro das Finanças António Bagão Félix e da guitarrista Luísa Amaro.
Esta é a segunda petição que apela para o museu não ser instalado no Palácio Nacional de Mafra, local escolhido pelo Governo. A primeira petição foi lançada a 17 de fevereiro pelo pianista Artur Pizarro.
Também o Movimento Fórum Cidadania Lisboa publicou um texto ‘on-line’, dirigido à ministra da Cultura e com conhecimento, entre outros, da Câmara de Lisboa, no qual advoga que “Lisboa não deve prescindir do património deste museu nacional, com vários instrumentos classificados de Tesouros Nacionais, devendo fazer todos os esforços para encontrar um local condigno e de futuro”.
Este movimento sugere alguns espaços para receber o MNM, como o Palácio das Laranjeiras com o Teatro Thalia, “ligado à história da música através do mecenas incontornável do panorama artístico do seu tempo, o conde de Farrobo, com a consequente deslocalização do Ministério do Ensino Superior para outro local”.
O Palácio Foz, “tão ligado à Cultura e atualmente subaproveitadíssimo, com uma localização privilegiada de todos os pontos de vista e que chegou a ser publicamente anunciado pelo então ministro da Cultura [Luís Filipe Castro Mendes] como o local para instalar o Museu, ou parte dele” e o Palácio Pombal, na rua do Século, “abandonado e desocupado, que teria a mais-valia evidente da sua proximidade ao Conservatório Nacional”.
Na petição hoje publicada pelos Amigos do Museu entre os argumentos para a manutenção do MNM na capital, refere-se que este “é muito mais do que uma exposição de instrumentos musicais, e nele se desenvolvem atividades e se estabelecem relações e parcerias que lhe dão uma expressão muito mais identitária, integradora e completa”.
“O MNM tem vindo a desempenhar um papel importante na sua ligação com outras instituições. Refiram-se, por exemplo, a articulação com o Conservatório Nacional, com as numerosas escolas de música de Lisboa, com as visitas e audições designadamente de estudantes de música, com os estágios e coordenação de mestrados de alunos das universidades públicas de Lisboa, com a disponibilidade mecenática dos músicos que nele se apresentam regularmente”, é outro argumento apresentado.
Os signatários recordam ainda que “a existência de doações e legados a favor do museu é favorecida pela sua visibilidade e proximidade, que lhe é dada pela sua permanência na cidade de Lisboa”, e acrescentam: “o espólio do MNM tem a sua origem nas coleções privadas reunidas no final do século XIX e início do século XX de Alfredo Keil e de Michel Angelo Lambertini”.
“Entendemos que o MNM deve manter o seu núcleo central na cidade de Lisboa, sem prejuízo de polos que se justifiquem em função de fatores históricos, culturais, educativos e da expressão pluridimensional e integrada do seu desenvolvimento”, rematam os Amigos do Museu.
No passado dia 27 de março, a ministra da Cultura disse que “Mafra é um local extraordinário para um MNM, em qualquer país do mundo; onde temos um conjunto de carrilhões, seis órgãos portugueses, uma biblioteca com milhares de documentos relacionados com a música e a capacidade de instalar um polo de investigação dedicado às ciências musicais”.
“Mafra tem todas as componentes para se tornar um projeto de referência mundial”, sublinhou a governante.
Confrontada com as críticas de elevados índices de humidade, Graça Fonseca ripostou: “Nunca ninguém perguntou se aqui [no Alto dos Moinhos] está estudado. Porque aqui, também está, lá em cima, em espaço de escritórios, um acervo extraordinário de instrumentos musicais, que ninguém questiona se tem ou não tem as condições para estar armazenado; e da minha visita aqui a conclusão a que cheguei é que não está devidamente acautelado”.
“Em contraponto, no Palácio Nacional de Mafra, precisamente o que o projeto de arquitetura vai permitir fazer é trabalhar para que todas as condições existam, para que seja tudo mantido no que deve ser mantido em condições, de temperatura, de humidade, do que é necessário”, rematou a ministra.
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