A reinvenção da cortiça portuguesa ao serviço do design. Foi este o propósito da criação da Corcho Collection, de autoria de Vasco Fragoso Mendes, coleção composta por duas Cadeiras, uma Mesa, três Bancos e um Aparador, sete peças construídas em cortiça crua. Uma das cadeiras está em exibição no Edit Napoli 2023.
Os artigos da coleção, que inclui uma cadeira exposta na 4.ª edição feira internacional de design de Nápoles, Itália, integrada na Categoria Seminario Exhibition, combinam no seu desenho e construção o design, a cultura nacional, uma nova abordagem ao trabalho com cortiça, a arquitetura, o craft e a marcenaria e surgiu da ideia de “opor um material texturado à madeira acabada, pelo contraste que criam. A pedra, a cortiça ou troncos não trabalhados, todos acrescentam esta textura, mas a cortiça, pelas suas características, apaixonou-me”, explicou o designer português, autor da cadeira em exibição na Feira de design de Nápoles, a decorrer até dia 8 no Complesso Monumentale di San Domenico Maggiore, evento que visa promover e apoiar os designers independentes.
“Por outro lado, interessa-me bastante criar uma nova imagem da cortiça, para além daquela kitsch que existe, muito ligada aos souvenirs e peças sem valor artístico. O aglomerado de cortiça está em todo o lado, mas a cortiça em cru não a vejo em muitos sítios” adiantou Vasco Fragoso Mendes, formado Arquitetura, tese sobre Construção em Madeira e criador do Barracão Wood Architecture and Design, atelier onde combina três ofícios complementares, a arquitetura, o design e a marcenaria.
Castanho, Branco Sujo e Preto são as cores que pintam as sete peças do Corcho Collection. O castanho é a cortiça “simplesmente escovada e limpa, no seu estado mais puro”, branco é uma “mistura entre a tinta branca e a que é usada na marcação dos sobreiros depois da retirada da cortiça” selecionada e trazida de Alcácer e de Santiago do Cacém, e, por fim, preto, “é queimado, numa ideia quase anti natura, já que a cortiça existe para proteger a árvore de eventuais incêndios”, lê-se numa nota explicativa sobre a coleção.
“As técnicas de marcenaria usadas no processo longo e demorado de construção, vão variando de peça para peça, onde planeamos com cuidado a estereotomia de cada pedaço de cortiça no desenho final”, frisou o designer e arquiteto.
“Procuramos dar o maior aproveitamento possível ao material, temos de andar às voltas com a peça até perceber onde vai ganhar a melhor colocação”, realçou. “A inspiração prende-se com a vontade de fazer diferente, de procurar novas formas de acrescentar emoção e valor a uma peça de design, através de materiais naturais”, conclui Vasco Fragoso Mendes.
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