Alfredo Almeida acrescentou que "parte substancial" de cada espetáculo será preenchida com temas do álbum "Camané canta Marceneiro". Com este trabalho, editado em outubro de 2017, Camané venceu, em julho último, o Prémio Manuel Simões para Melhor Disco de Fado, no ano da criação do galardão.
Outra parte dos espetáculos será dedicada a uma retrospetiva da carreira do fadista, com a interpretação de temas de que "todas as pessoas gostam e que sempre cantaram", acrescentou o agente e promotor.
"Casa da Mariquinhas", "Mocita dos caracóis" e "O pagem", temas de "Camané canta Marceneiro" e "Sei de um rio", um poema de Pedro Homem de Mello e música de Alain Oulman, que faz parte do quinto álbum de originais do fadista, "Sempre de mim", editado em 2008, constam, segundo Alfredo Almeida, do alinhamento dos concertos.
Nos espetáculos integrados no ciclo "Há fado no cais", promovidos pelo Museu do Fado e CCB, Camané apresentar-se-á em palco acompanhado à guitarra portuguesa por José Manuel Neto, Carlos Manuel Proença, na viola, e Paulo Paz, no contrabaixo.
Apresentar as ”vozes mais marcantes deste género musical, as consagradas e as mais recentes, através das quais a tradição e a inovação ganham o mesmo estatuto, como expressão da renovação que o fado tem vindo a conhecer nestes últimos tempos e como património inalienável da identidade portuguesa” são, segundo o Museu do Fado, objetivos do ciclo.
Desde outubro de 2017, o ciclo, que começou com um espetáculo de Sara Correia, já levou ao CCB fadistas como Gonçalo Salgueiro, Carlos do Carmo e Ricardo Ribeiro, o guitarrista Pedro de Castro, o intérprete, músico e produtor musical Jorge Fernando, e a fadista e poetisa Aldina Duarte, entre outros.
"Estes concertos encerram o ciclo dedicado a Alfredo Marceneiro", disse o promotor e agente do fadista, acrescentando que Camané já está a "procurar repertório para novos projetos", ainda que não haja previsão para a gravação de novo álbum.
O prémio Manuel Simões terá periodicidade anual e visa distinguir exclusivamente a melhor edição discográfica de fado do ano civil anterior ao da entrega do galardão.
Na ata da atribuição do prémio, o júri ponderou a “mestria interpretativa” de Camané, considerando que “resgatou cuidadosamente um dos repertórios emblemáticos do fado", de um dos seus "mais carismáticos intérpretes" – Alfredo Marceneiro –, no qual Camané não se deixou confundir nem seguiu o modelo, antes recriando-o, propondo um registo próprio.
Para o júri, Camané fez uma “interpretação iluminada” e de um dos repertórios matriciais do fado, numa "equação excelente com o acompanhamento instrumental”.
O álbum “evidencia a faceta artesanal e de afetos, património indissociável do fado”, e Camané, “figura absolutamente maior do panorama fadista”, fá-lo “de uma forma natural, sem artifícios nem recursos exógenos, antes na suprema simplicidade fadista, da qual é mestre”.
"Camané canta Marceneiro" foi produzido por José Mário Branco e editado pela Warner Music.
Sem valor pecuniário, o Prémio Manuel Simões foi atribuído por um júri de cinco elementos. A Fundação Manuel Simões foi instituída em 2001, pelo empresário discográfico nascido em Pedrógão Grande, em 1917. Fundador da editora Estorial e da Discoteca do Carmo, Manuel Simões morreu em 2008.
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