“A Ética das Coisas - Bartolomeu Costa Cabral 1953-2012” vai estar patente nas três Salas do Noviciado, no monumento classificado como Património da Humanidade desde 1983, mostrando “uma expressiva parte da obra deste arquiteto que se destaca, entre outros, pelos seus trabalhos no domínio da habitação, do urbanismo e do equipamento educativo”, refere um comunicado do Convento de Cristo.
Num espaço “intimamente ligado à família” do arquiteto – a parte residencial do antigo convento foi a morada do seu avô Bartolomeu antes da reaquisição desta pelo Estado, em 1939 -, vão ser mostrados projetos da autoria de “uma das figuras de proa da viragem do movimento moderno da arquitetura portuguesa”, realçou a diretora do Convento de Cristo, Andreia Galvão.
Louvando a iniciativa da Ordem dos Arquitetos/Secção Regional Sul, que organiza a exposição em parceria com a Direção Geral do Património Cultural/Convento de Cristo, a diretora afirmou que esta é uma “homenagem mais que merecida a uma grande figura da arquitetura portuguesa”.
Bartolomeu Costa Cabral, atualmente com 90 anos, vai estar presente na cerimónia que assinalará, no sábado, a abertura da exposição que mostrará alguns dos projetos da sua autoria, lembrando Andreia Galvão que foi coautor, com Manuel Tainha, do edifício do Instituto Politécnico de Tomar, que colabora com a iniciativa, nomeadamente, na parte da fotografia.
Salientando a “vivacidade de espírito” de Bartolomeu Costa Cabral, a diretora do Convento de Cristo referiu a “satisfação” por esta exposição acontecer num edifício “que lhe diz muito”.
Andreia Galvão definiu Bartolomeu Costa Cabral como um “criador de espaços de grande serenidade”, autor de uma “arquitetura simples, despojada, preocupada com a comunidade” e com a integração na paisagem e o uso de materiais naturais, fazendo lembrar, nomeadamente numa casa que projetou no Alentejo, a ligação entre o modernismo e o regionalismo do mexicano Luis Barragán.
Bartolomeu da Costa Cabral fez a sua formação na Escola de Belas Artes de Lisboa (onde foi professor, tendo ainda lecionado no ISCTE), salientando a diretora do Convento de Cristo a “dedicação de uma vida” à arquitetura e a pertença a uma “geração empenhada no bem-estar da comunidade e da sociedade”, a “tal ética da arquitetura”, que dá nome à exposição.
Iniciando a sua atividade no atelier de Nuno Teotónio Pereira (1953-1958), onde trabalhou na “obra emblemática” do Bloco das Águas Livres (1953-1956), entre outros projetos, como o bairro dos Olivais (Norte), com o arquiteto Nuno Portas, Bartolomeu da Costa Cabral trabalhou também no Gabinete de Estudos do Plano Diretor de Lisboa (1954-1959), na Federação das Caixas de Previdência (1959-1968, no âmbito da qual realizou estágios em Londres, Paris e no Laboratório de Engenharia Civil em Lisboa), no atelier de Conceição Silva e Maurício de Vasconcelos (1968) e no Gabinete de Planeamento e Arquitetura (GPA, 1969-1996) tendo reatado o seu próprio atelier em 1973.
Fez parte da Direção do Sindicato Nacional dos Arquitetos (1960-1965) e, durante dez anos, dirigiu a secção portuguesa da União Internacional dos Arquitetos (1977-1987).
Ao longo das últimas seis décadas projetou mais de uma centena de obras e recebeu vários prémios, destacando Andreia Galvão a Universidade da Beira Interior, na Covilhã, o seu projeto mais longo (desenvolvido ao longo de 30 anos).
Com uma retrospetiva da sua obra publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian, “é com muito agrado” que o Convento de Cristo, “também como casa da arquitetura”, recebe esta primeira exposição da obra de Bartolomeu da Costa Cabral, disse a diretora à Lusa.
A exposição faz parte do programa oficial da Festa dos Tabuleiros (que se realiza este ano, com o seu ponto alto no fim de semana de 06 e 07 de julho).
No âmbito da colaboração com a Delegação do Centro da Ordem dos Arquitetos/Secção Regional Sul, o Convento de Cristo recebeu já exposições dos arquitetos Nuno Mateus e José Mateus (ARX Portugal), de Eduardo Souto de Moura e de João Luís Carrilho da Graça.
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