O álbum dos Dead Combo surge quatro anos depois de "A Bunch of Meninos", e apresenta-se como um trabalho mais de "banda", em que a bateria está mais presente e o rock surge de forma mais vincada, contou à agência Lusa o guitarrista Tó Trips, que forma o duo com Pedro Gonçalves.
"Talvez seja o álbum mais rock" em quase 15 anos de carreira, sublinha.
Para este trabalho, o nome do álbum surgiu por acaso - tiraram fotografias para a capa do disco no Cinema Odeon -, mas, explica, "Odeon Hotel" acaba por fazer sentido para os Dead Combo, como grupo que ciranda por entre diferentes estilos e latitudes, do blues ao fado, passando pelas mornas de Cabo Verde ou pelo flamenco.
"Os hotéis são pontos de passagem. Pessoas de vários estratos sociais e de várias raças, que param num sítio e que estão de passagem - são um ponto onde se juntam diferentes expressões", tal como a sonoridade dos Dead Combo, realça Tó Trips.
Na perspetiva do guitarrista, o álbum é também "menos português", assinalando "os dias de hoje", marcados pela "globalização e pela gentrificação", que levaram também a cidade de Lisboa a mudar.
"As pessoas hoje também são menos portuguesas. Há menos esse lado. Continuamos a ter a nossa identidade no álbum, mas está mais diluída", nota.
O disco acaba por acompanhar "a evolução da cidade de Lisboa", em que as pessoas mais novas não querem saber "se são portuguesas ou não", conclui.
"Há mais mistura nesse sentido, que é uma coisa boa. Há coisas que se perdem, mas que também se ganham. Há os dois lados da moeda, mas as cidades são coisas vivas. A cidade da juventude do meu pai não é a minha nem a minha será a dos meus filhos", sublinha Tó Trips.
A produção do álbum tem a assinatura de Alain Johannes, que no passado trabalhou com Queens of The Stone Age, Them Crooked Vultures e PJ Harvey, entre outros, e isso acabou também por moldar o trabalho final.
"É a primeira vez que temos um produtor e um contrato discográfico em 15 anos. Queríamos experimentar ter alguns 'inputs' de fora", contou à Lusa Tó Trips, salientando que o processo de gravação acabou por se alterar com a entrada de Alain Johannes.
Em vez de gravarem inicialmente apenas a guitarra e contrabaixo, e depois de decidirem se acrescentavam percussão, a bateria de Alexandre Frazão, que já tinha acompanhado os Dead Combo no último álbum, "A Bunch of Meninos", desta feita, esteve na gravação das bases das músicas.
O resultado é um álbum "mais cheio" e mais "forte", face a uma maior presença da percussão, constata.
O trabalho conta também com a participação do músico americano Mark Lanegan, que dá voz ao poema de Fernando Pessoa "I Know, I Alone", que vai estar com os Dead Combo na atuação no Festival Paredes de Coura.
A mudança para a Sony, referiu, ficou a dever-se à possibilidade de terem um contrato discográfico e a liberdade que ganharam com isso. "Preocupamo-nos mais com o que tocar do que em fazer produção de tudo e mais alguma coisa."
A digressão de apresentação de "Odeon Hotel" arranca na quinta-feira, no Convento São Francisco, em Coimbra, um dia antes do lançamento oficial do álbum.
A banda portuguesa tem mais datas marcadas, este mês, para Oeiras (dia 13), Évora (14) e Caldas da Rainha (28).
Em maio, o grupo atua em Portalegre (12), Loulé (17), Silves (18), Seixal (26) e em Vila Real de Santo António (30).
Em junho, vão estar no Festival A Porta, em Leiria, e, em agosto, passam pelo festival Paredes de Coura.
Para apresentar "Odeon Hotel", a dupla portuguesa vai contar com Alexandre Frazão (bateria), Gui (sopros) e o contrabaixista António Quintino.
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