A documentação reunida neste espólio “vai permitir aprofundar o percurso artístico de Fernando Calhau, um artista singular, autor de uma obra única no contexto artístico português, e amplamente representado” na Coleção do Centro de Arte Moderna com 695 obras, entre pintura, escultura, desenho, fotografia e gravura.
A proposta de doação foi apresentada pelo artista Rui Chafes, herdeiro legal de Fernando Calhau, “imediatamente aceite pela Fundação Gulbenkian”, acrescenta o comunicado.
À luz desta documentação, “será possível também pesquisar os vários níveis de reflexão artística que manifestou desde os primeiros trabalhos e exposições, até à derradeira fase da sua produção”, assinala a Gulbenkian, que, poucos meses antes da morte do artista lhe dedicou, no Centro de Arte Moderna (CAM), a exposição “Work in Progress”, com curadoria de Delfim Sardo.
Numa entrevista publicada no catálogo dessa exposição, o artista sublinhava a importância da coerência conceptual do seu trabalho, da continuidade e do rigoroso sentido das séries que produzia.
“A documentação agora reunida será fundamental para compreender e contextualizar este esforço do artista que dizia trabalhar ´sem nada na manga e sem rede´”, recorda a entidade, sobre Fernando Calhau.
À medida que for sendo inventariado, este espólio será progressivamente disponibilizado ao público na Biblioteca de Arte, servindo de apoio à investigação das obras do artista na Coleção do CAM e ao estudo de investigadores, curadores, críticos, nacionais e estrangeiros.
Em 1973, Fernando Calhau licenciou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, estudou na Slade School of Fine Art, em Londres, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e estudou gravura com Bartolomeu Cid dos Santos.
Realizou a primeira exposição individual em 1968, na Cooperativa Gravura, em Lisboa.
Com uma obra que seguiu a linha da arte conceptual e minimalista, realizou obras monocromáticas de grande depuração formal, utilizando o filme super8, vídeo, e fotografia, e, a partir dos anos 1980, o ferro e o néon azul, em obras como “Timeless” (1994), onde a palavra escrita assume papel determinante.
Fernando Calhau fundou e dirigiu o Instituto de Arte Contemporânea entre 1997 e 2000.
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