A exposição mostra 100 desenhos, um dos quais com cinco metros, tanto do arquivo pessoal de Álvaro Siza, como também de coleções de amigos próximos e familiares. A mostra, patente até 26 de maio na Fundação Tchoban de Berlim, foca não apenas o legado profissional, mas também o familiar.
“Dado este centenário da Bauhaus, parecia absolutamente pertinente que ele [Álvaro Siza], quase o último modernista ainda em atividade ou, pelo menos, a única voz ativa no século XXI a continuar o projeto modernista, tivesse oportunidade de mostrar o legado modernista na sua obra”, revela António Choupina, arquiteto e comissário da exposição “Siza – Unseen & Unknown”, em declarações à agência Lusa.
“O título brinca com um par de coisas”, revela Choupina, por um lado “uma exposição que já existia na Alemanha, em 1919, quando inaugura a Bauhaus, chamada ‘Os 10 arquitetos desconhecidos’ (os ‘unknown’)”, a que se junta o facto de terem trabalhado sobre material “que existe ainda no arquivo de Álvaro Siza, projetos ‘desconhecidos’ ou ‘não identificados’”.
A exposição está dividida em dois espaços, “um mais dedicado ao percurso internacional do arquiteto Siza, que começa exatamente em Berlim, com o projeto ‘Bonjour Tristesse’ [de Siza] e os concursos do IBA [Internationale Bauaustellung ou exposição internacional de arquitetura], e que depois seguirá até ao momento presente, tendo em conta que ele inaugurou, no ano passado, o museu da Bauhaus na China”, sublinha o arquiteto António Choupina, à agência Lusa.
Outro dos espaços está dedicado “ao legado mais pessoal, ou seja, como é que os múltiplos legados afetam a obra de um arquiteto, em que entrará também a obra desenhada da mulher, Maria Antónia Siza, do filho, Álvaro Leite Siza, também arquiteto, e do neto, Henrique Siza, que se encontra a fazer Erasmus em Berlim".
“É uma síntese, difícil, principalmente para alguém com uma obra com a magnitude da do arquiteto Siza. Aos 85 anos tem uma obra construída e não construída bastante vasta. O objetivo não era ser uma exposição monográfica, mas acaba por sê-lo, de uma certa forma, na ideia da síntese de uma metodologia de trabalho que se realiza ao longo dos anos”, revela o comissário da exposição "Siza – Unseen & Unknown”.
“No fundo, é perceber como há estes múltiplos encontros, seja através da Bauhaus, ou através da componente familiar. Até porque ele e a mulher, Maria Antónia, se conhecem na Escola de Belas Artes do Porto, uma escola dirigida por Carlos Ramos, também ele ‘bauhausiano’, um diretor que queria juntar todas as artes, inspirado por Walter Gropius, que fundou a Bauhaus. Portanto há toda uma espécie de confluência que se realiza aqui na exposição”, realça o comissário à Lusa.
António Choupina esclarece que o museu que vai receber a exposição é “de escala reduzida, em comparação com outros de Berlim”, e funciona, por isso, como “uma espécie de caixa de joias, mais concentrado, em que é preciso brincar com a própria escala do museu, na forma como se apresentam os desenhos, quase como uma janela para o mundo”.
“Há um particular interesse em começar a exposição com os projetos dele [Siza Vieira] em Berlim, começar com um ‘muro de Berlim’ (do ponto de vista metafórico), onde temos os projetos do edifício do ‘Bonjour Tristesse’, que está construído, mas também de outro concurso, que não foi construído, do ‘Kulturforum’, em que existe um desenho bastante grande e detalhado”, especifica o comissário da exposição.
“Siza – Unseen & Unknown” abre as portas ao público a 21 de fevereiro e termina a 26 de maio, na Tchoban Foundation de Berlim.
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