Em destaque vai para “O Tesouro dos Reis. Obras-primas do Museu da Terra Santa”, uma exposição que é inaugurada a 10 de novembro para mostrar um tesouro artístico composto por doações de monarcas católicos europeus a várias igrejas daquele território ao longo de 500 anos, e que viaja pela primeira vez do museu de Jerusalém para Portugal, segundo a programação enviada à agência Lusa.
Esta exposição, que ficará patente na galeria principal da Fundação até 26 de fevereiro de 2024, e partirá depois para Espanha, Itália, e em 2025, para a Frick Collection, em Nova Iorque, tem curadoria de Jacques Charles-Gaffiot, comissário científico, e de André Afonso, comissário executivo.
A chamada Terra Santa, que deve esta designação à importância territorial para as principais religiões monoteístas, envolve sobretudo territórios no centro do atual conflito israelo-palestiniano.
Lugar de grande simbologia espiritual, a Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém tornou-se, ao longo dos séculos, um importante centro de projeção da devoção e do poder dos reis e príncipes católicos: João V de Portugal, Filipe II de Espanha, Luís XIV de França, Carlos VII de Nápoles e Maria Teresa de Áustria, foram alguns dos soberanos europeus que fizeram chegar à Terra Santa valiosos conjuntos artísticos de ourivesaria, têxteis ou mobiliário, para serem utilizados no culto e na ornamentação da Basílica do Santo Sepulcro, e outros templos.
Entre os exemplares destas doações reais, exemplos de estratégias políticas da época, traduzidas em oferendas, contam-se uma lâmpada de igreja remetida pelo rei português João V, e o grande baldaquino (para colocação de custódia ou crucifixo) ofertado por Carlos VII, rei de Nápoles.
Além das obras de arte, os monarcas e príncipes enviavam também recursos materiais e financeiros destinados ao sustento das igrejas e comunidades locais, tais como moedas de ouro, lotes de cera e de azeite, e ainda, de forma muito frequente no caso português, bálsamos, perfumes, especiarias e chá provenientes do Oriente, contextualiza um texto sobre a nova exposição.
Tendo como eixo central estas doações, que incluem importantes produções da arte europeia, a exposição estabelece ainda um percurso pela história milenar e simbolismo espiritual da Basílica do Santo Sepulcro e pelo papel desempenhado pela Custódia da Terra Santa — a instituição católica franciscana responsável por zelar pelos lugares cristãos na região — na receção, utilização e preservação destes objetos.
O vínculo religioso da família Gulbenkian a esta região é também evocado nesta mostra, apresentando-se pela primeira vez em Portugal um evangeliário arménio do século XV que Calouste Gulbenkian ofereceu ao Patriarcado Arménio de Jerusalém na década de 1940, numa altura em que já residia em Portugal.
O percurso expositivo passará por “Jerusalém, Cidade da Redenção”, “De Constantino, o Grande, a Solimão, o Magnífico”, “A Basílica do Santo Sepulcro”, “Peregrinações à Terra Santa”, “Os Franciscanos em Jerusalém”, “Sob o Império Otomano”, “Theatrum Mundi. Doações régias aos Lugares Santos”, “Reino de Portugal”, “Reino de Espanha”, “Reino de França”, “Sacro-Império Romano Germânico”, “Reino de Nápoles” e “Calouste Sarkis Gulbenkian e Jerusalém”.
Na sexta-feira, a Gulbenkian prossegue a Engawa, Temporada Japonesa associada ao Centro de Arte Moderna (que se encontra em obras, e que reabrirá no final da primavera de 2024), apresentando até domingo o seu segundo momento, com o FluxFest, um tributo à vertente japonesa do movimento artístico internacional Fluxus, fundado na década de 1960.
Um documentário e uma conversa irão decorrer com uma homenagem a Mieko Shiomi, figura-chave no desenvolvimento do movimento Fluxus, e com as participações de Christian Marclay, compositor e artista visual, Ami Yamasaki, vocalista e artista multimédia, e o músico sho Ko Ishikawa.
Nos dias 10, 11 e 12 de novembro, o terceiro momento desta temporada de arte contemporânea japonesa terá uma intervenção do coletivo Chim?Pom from Smappa!Group (CPfSG) num complexo habitacional da cidade de Lisboa, coproduzido e co-apresentado pela Fundação Gulbenkian e pelo Alkantara, como parte da edição deste ano deste festival.
A 10 de outubro será também apresentada a nova obra do ciclo Obra Visitante, um Tapete Baku, e na Biblioteca de Arte, de 02 de novembro a 31 de dezembro, será a vez de ser exibido o espólio do artista David de Almeida (1945-2014), que se notabilizou pelos seus trabalhos em gravura e litografia, recebendo diversos prémios em Portugal e no estrangeiro.
O seu espólio foi doado à Fundação Gulbenkian em 2020, sendo composto por cadernos/diários com anotações, esquissos, estudos e desenhos, dossiês com projetos de arte pública, álbuns de fotografias, livros, livros-álbum, postais e uma maqueta de arte pública.
Até 18 de setembro, podem ainda ser visitadas no Museu Gulbenkian as exposições “Histórias de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea do CAM”, que faz um percurso sobre os 40 anos de história do Centro de Arte Moderna da fundação, com 207 obras de 187 artistas, numa seleção para assinalar a efeméride, e a mostra “Rui Chafes. Alberto Giacometti. Gris, Vide, Cris”, que junta obras de ambos os artistas.
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