Criado em 1963, o Museu de Escultura Comparada permaneceu aberto até 1973, reunindo mais de uma centena de moldagens em gesso, que reproduziam peças de várias épocas, estilos e nacionalidades.
“É um museu que funcionou para dar resposta àquilo que eram necessidades culturais de um tempo em que não havia as comunicações e a mobilidade que hoje existem e que surgiu em Mafra porque tinha uma escola de escultura”, explica Mário Pereira, diretor do Palácio, à agência Lusa.
Mais de 50 peças foram reunidas em 1940 aquando da “Exposição de Moldagens da Escultura Medieval Portuguesa” do Museu Nacional de Arte Antiga.
A estas juntaram-se outras francesas, provenientes da “Exposição de Arte Francesa”, organizada pela direção dos Museus Nacionais Franceses em 1934, mais tarde adquiridas pelo Estado português.
Fazem também parte do acervo algumas esculturas moldadas em Coimbra no final do século XIX.
Antes de ter sido criado o museu, as peças estiveram em arrecadações do Mosteiro dos Jerónimos e outras nas reservas do Museu Nacional de Arte Antiga.
Há réplicas de esculturas existentes em locais como o Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa, no Mosteiro de Alcobaça, no Museu ou na Sé de Évora, no Museu Nacional de Arte Antiga, na Sé de Lisboa, no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, na Catedral de Chartres, na Igreja de Notre Dame de Paris ou no Museu do Louvre, em França.
Do núcleo faz parte a “Estátua de Cavaleiro Medieval”, do século XIII, do Museu Machado de Castro. A réplica foi cedida temporariamente para uma exposição no Museu de Arte e História do Luxemburgo.
São também exemplos o “Túmulo de Fernão Gonçalves Cogominho” (século XVI) do Museu de Évora, a lápide sepulcral “Virgem, o Menino e D. Honorico” do Museu Nacional Machado de Castro, esculturas dos túmulos de Pedro e Inês de Castro do Mosteiro de Alcobaça (século XIV) ou o “Púlpito com os doutores” do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.
Entre as peças francesas, destaca-se a “Estátua do Rei Salomão” (século XII) ou as “Três Garças”, monumento funerário mandado construir por Catarina de Médicis para depositar o coração de Henrique II, patentes no Museu do Louvre.
Volvidos 44 anos e numa época em que os museus de réplicas voltam a ser atrativos, o Palácio Nacional de Mafra quer reabrir o Museu de Escultura Comparada.
“Podemos ter aqui um núcleo museológico de grande importância que trará a este monumento, a Mafra e, eventualmente, a Portugal alguns visitantes, dada a riqueza do acervo que temos”, defende o diretor.
Contudo, as sete salas do piso térreo do torreão norte do Palácio, por onde estão expostas as esculturas, carecem de uma reabilitação orçada em 200 mil euros.
Sem orçamento para as obras e no ano em que comemora o tricentenário desde o lançamento da sua primeira pedra, o Palácio procura agora mecenas que possam financiar a intervenção.
Mário Pereira recorda, assim, que “há um projeto, que passa pela recuperação e reabilitação deste espaço, que tem um orçamento e [é preciso um] mecenas”.
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