Fernando Daniel fala em “V.H.S Vol.1” como “um novo caminho para os próximos dois anos”, que conta “com uma inspiração muito mais retro, muito mais ‘vintage'”.
Em entrevista à Lusa, o músico contou que o recuo às décadas de 1980 e 1990 foi impulsionado pela estreia na paternidade, no final de 2021. Nessa altura, decidiu rever fotografias suas de quando era bebé e foi-se sentido “um bocadinho inspirado a voltar a ouvir coisas dos anos 1990, finais dos anos 1980”.
Dos dez temas que compõem o álbum, “Dona da Razão” destaca-se por ter uma sonoridade “um bocadinho diferente” da dos dois álbuns anteriores do músico. Ter sido escolhida para abrir o novo álbum “foi propositado”.
“Quero que as pessoas percebam que há aqui uma identidade nova, elementos novos, referências novas”, disse.
“V.H.S Vol.1” “acaba por ser uma viagem”: “vem dos anos 1980/90, mas vou pondo, com o passar das músicas, cada vez mais elementos atuais”.
“A ideia foi casar um bocadinho esta nova influência com aquilo que eu já apresento. Então, à medida que as músicas vão avançando, vamos sentindo o Fernando Daniel de que as pessoas gostam”, referiu.
O título do álbum também remete para algo que quem nasceu já depois do ano 2000 dificilmente reconhecerá: o ‘Video Home System’ (Sistema de Vídeo Doméstico, em português), um sistema de gravação analógica em videocassetes.
No entanto, o que está no título “é um VHS diferente”, uma sigla que Fernando Daniel irá “revelar a seu tempo, provavelmente [no concerto] na Altice Arena [em Lisboa, em 14 de outubro] ou na Super Bock Arena [no Porto, em 11 de novembro]”.
“É uma frase que acaba por refletir um bocadinho o meu percurso”, deixou no ar.
O regresso ao passado não está apenas na sonoridade e no título do álbum: “os vídeos têm elementos retro, há imagens captadas com uma ‘handycam’ [pequena câmara de vídeo lançada em 1985], a série que estou a lançar no Youtube, da digressão, é toda filmada com uma ‘handycam’, na capa do disco estou a segurar numa ‘handycam’, e tenho um novo visual”.
O novo trabalho é todo composto por originais, com exceção de “Rama”, uma versão da canção popular do Alentejo “Ó rama, ó que linda rama”, que cria uma espécie de divisão em “V.H.S 1”.
“O disco começa com músicas um bocadinho mais generalistas – coisas da minha imaginação, coisas que nos sentamos e ‘agora vamos falar sobre este assunto’ -, e a partir da música que não é minha entra num registo muito mais pessoal”, explicou Fernando Daniel.
Em “Prometo”, o cantor dirige-se à filha, em “Início meio e fim” para a companheira — “a pessoa que está lá sempre, que estava lá antes de tudo isto aparecer” -, e em “Vocês” para os fãs — “por todo o carinho, todo o apoio, todos os quilómetros que fazem”.
“Rama” aparece porque é uma música que acalma a filha. “Seja eu a cantar ou outras pessoas, como Vitorino ou António Zambujo”, partilhou.
Em 2021, já a companheira estava grávida, Fernando Daniel ouviu muito cante alentejano. “A Matilde nasce, eu ainda não tinha a ‘Prometo’ e tive de arranjar uma música para lhe cantar e foi a ‘Rama’. Fiz a minha versão e fazia sentido ter esta música para fazer um separador entre o que é a minha imaginação — excetuando a ‘Casa’ — e coisas que eu vivo”, contou.
A promover um novo álbum, que irá apresentar em várias datas pelo país fora, Fernando Daniel está já a preparar os concertos da Altice Arena e da Super Bock Arena, “que vão ser exclusivos”.
“Já estamos a trabalhar em convidados, vamos pensar num cenário. Quero que além de um concerto seja um espetáculo, uma coisa diferente. O que vai ali acontecer não é o mesmo que vai acontecer pelo país fora”, disse.
Os dias 14 de outubro e 11 de novembro serão duas datas para celebrar, com quem o ouve na rádio, quem o acompanha nos programas de televisão — é atualmente, pela terceira vez, mentor no The Voice Kids, que é exibido na RTP1 –, e nos bares onde cantava.
“Estar ali, e espero esgotar as duas salas, é graças ao meu trabalho, mas também às pessoas que sempre estiveram lá. As pessoas que se juntam a este percurso, a esta minha história, têm que lá estar nesse dia, porque é uma celebração de todos”, afirmou.
Depois disso, virá mais um álbum. “V.H.S Vol.1” deixa antever uma sequela, que surgiu porque Fernando Daniel começou a ter muitas músicas das quais gostava e não queria que ficassem de fora.
“Se lançasse mais tarde, poderia sair fora já do contexto destes dois anos. Se deixasse as músicas muito espaçadas ia perder um bocadinho a lógica do disco, então decidi lançar um disco volume 1 e um disco volume 2”, contou.
O segundo volume, que deverá ser editado no final de 2023 ou início de 2024, terá “algumas músicas que já estão fechadas”, outras ainda por fechar e mais algumas que Fernando Daniel planeia compor ao longo deste ano.
“Depois de isto sair, faço uma reedição especial dos volumes em vinil, com as melhores músicas do volume I e as melhores músicas do volume II, com o lado A e o lado B”, anunciou.
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