Em comunicado, a fundação liderada por Ana Pinho referiu que “o Arquivo Julião Sarmento contém parte substancial da história da arte contemporânea portuguesa, desde os anos 70 do século XX. Reúne textos, vídeos, áudios, imagens - uma importante coleção audiovisual de relevância internacional, resultante de anos de atividade artística e laboratorial na área das artes plásticas - artefactos, entrevistas, artigos de jornal, críticas e correspondência trocada com outros artistas referenciais do seu tempo.”
“Esta importante doação permitirá ao Museu de Serralves ampliar as possibilidades de pesquisa, de divulgação e de apresentação de um dos mais importantes arquivos de arte do nosso país”, acrescentou, no mesmo texto, a fundação que prevê o lançamento de uma publicação sobre o arquivo, a organização de uma exposição, de conversas e conferências.
Sarmento, que nasceu em 1948 em Lisboa e morreu em 2021, na mesma cidade, foi um dos mais internacionais artistas portugueses, tendo representado Portugal na Bienal de Arte de Veneza de 1997 e sido alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011.
Em 2012, o Museu de Serralves organizou a mais completa retrospetiva realizada do seu trabalho, uma obra que mereceu também o reconhecimento com a atribuição do Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).
Enquanto o arquivo do artista vai para Serralves, a sua coleção de arte privada ficará no chamado Pavilhão Azul, em Lisboa, numa cedência feita através de um protocolo assinado em fevereiro deste ano entre a Associação Coleção Julião Sarmento e a empresa municipal EGEAC, com a duração de 10 anos.
“O Arquivo Julião Sarmento possui um grande valor artístico e científico, representativo da memória coletiva de um país e da sua cultura, [e] irá adquirir uma nova vida, permitindo renovadas leituras dos seus documentos. Permitirá conhecer e investigar em profundidade um ciclo ininterrupto de atividade, fundamental para a arte portuguesa em Portugal e no mundo, em que se incluem documentos relativos às criações de Julião Sarmento, às criações dos artistas a que se associou e a projetos de cariz laboratorial e experimental que desenvolveu ao longo de cinco décadas”, acrescentou a Fundação de Serralves.
A fundação assinalou, no mesmo texto, que a doação do arquivo de Julião Sarmento é “reveladora do atual potencial de fixação em Serralves de novos espólios artísticos de impacto internacional e do investimento que a Fundação faz no sentido de reforçar a sua Coleção através de novas aquisições e do acolhimento de novos importantes acervos de arte e espólios artísticos, por doações e depósitos”.
Com a inauguração de uma nova ala do museu, também assinada pelo arquiteto Álvaro Siza, à semelhança do edifício principal, a instituição salienta ter espaço adicional para expor “em permanência, a sua coleção e arquivos”, dos quais já fazem parte os Arquivos Atelier RE.AL de João Fiadeiro, o Arquivo Alternativa Zero, o Arquivo de Álvaro Siza, o Arquivo Álvaro Siza/Carlos Castanheira e o Arquivo Manoel de Oliveira.
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