Na mostra “Pólipos Cnidários Reparados pelo Olhar do Observador”, em exibição até 21 de fevereiro, na Galeria Contemporânea, Hugo Canoilas, que se estreia no uso do vidro, prescinde do lugar onde “mais naturalmente” se esperam ver pinturas – as paredes – e decide intervir no chão, no rodapé e no teto, espaços negligenciados por quase todas as exposições de pintura.
Quando se entra na galeria sobressaem as peças em vidro colorido, que representam medusas, e que são “possíveis símbolos” do aquecimento climático e das ideias de "informe e metamorfose", explicou o artista durante uma visita de imprensa.
O solo e o teto da sala também atraem atenções com uma pintura de cores claras e caixas de luz, criando uma aura na sala, afetando a perceção das alforrecas.
A relação do artista com as águas-vivas é de “medo e quase fascínio” por ser “algo tão natural, mas que ao mesmo tempo parece tão artificial”, explicou.
As medusas são animais “fascinantes” que, ao longo dos seus ciclos de vida, passam por várias metamorfoses e reproduzem células de formas inusitadas, vincou.
O autor da exposição lembrou a “extrema beleza” de ver uma medusa a explodir e a formar uma espécie de flor, contrastando com a “tristeza” da morte de um ser vivo.
Querendo levar o público a “olhar para o quotidiano de uma maneira nova”, Hugo Canoilas assumiu que, há uns tempos, reforçou a sua tendência para colocar pinturas ou objetos no chão para reforçar a empatia com o mundo animal, dado o “animal olhar para baixo”.
A mostra confirma ainda alguma das preocupações do artista, designadamente a especulação sobre as relações entre arte e realidade (eventos políticos e sociais), a interrogação sobre as características e limites da pintura e a ênfase conferida ao trabalho colaborativo.
“Pólipos Cnidários Reparados pelo Olhar do Observador” encerra em 21 de fevereiro de 2021.
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