O trabalho de Shepard Fairey, de 47 anos, reconhecido artista urbano e ‘designer’ gráfico, que vive e trabalha em Los Angeles, combina elementos do ‘graffiti’ e da ‘pop art’, sendo uma das suas obras mais famosas um retrato de Barack Obama (“Obama Hope”), a vermelho, branco e azul, espalhado pelos Estados Unidos em formato cartaz, durante a campanha das eleições presidenciais de 2008.
Na sexta-feira, Shepard Fairey inaugura, na galeria Underdogs, “Printed Matters – Lisbon”, parte de uma série contínua de exposições que é também o nome do projeto que iniciou em 2010 e foi apresentado pela primeira vez em Los Angeles. Até sexta-feira, vai andar pela zona da Graça, em Lisboa, onde vai deixar dois murais.
Na parede lateral de um prédio de três andares, na rua Senhora da Glória, estava hoje quase terminado o rosto de uma mulher, dividido em dois, metade da autoria de Shepard Fairey e a outra de Vhils.
O segundo mural, o retrato de uma mulher fardada, com uma boina revolucionária na cabeça e uma metralhadora com uma flor no cano na mão, ocupa a parede lateral de um edifício de quatro andares, na rua Natália Correia.
Shepard Fairey tornou-se conhecido com o projeto Obey, que iniciou em 1989 com um ‘sticker’ (autocolante) criado pelo artista, quando estudava na Rhode Island School of Design, e acabou por se tornar uma campanha de arte de guerrilha, a nível mundial.
Em 2001, criou a marca Obey Clothing, que é uma extensão do seu trabalho, usando a roupa como mais uma tela para espalhar a sua arte e mensagens de cunho ativista.
Recentemente, a marca lançou uma t-shirt com um retrato do realizador norte-americano David Lynch, cujos lucros da venda revertem na totalidade a favor da Fundação David Lynch, dedicada a reduzir os sintomas do stress pós-traumático em populações de risco através da meditação.
Em 2012, Shepard Fairey teve direito a uma personagem na série televisiva de animação The Simpsons e, no ano passado, foi convidado pelos Black Sabbath para criar um cartaz e uma t-shirt para a última digressão mundial da banda, que terminou em fevereiro.
Em janeiro, criou a série de cartazes “We the People” (“Nós, o Povo”) em protesto contra a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
Na altura, os cartazes — com retratos de afro-americanos, latinos e nativos americanos, acompanhados de frases como “somos maior que o medo” ou “defendemos a dignidade” – foram disponibilizados para descarga gratuita na página oficial do artista, que incitava as pessoas a usarem-nos na Marcha das Mulheres, a 21 de janeiro.
Shepard Fairey está em Portugal a convite da plataforma Underdogs, que tem como responsáveis a francesa Pauline Foessel e Vhils.
A Underdogs é um projeto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, exposições dentro de portas, no n.º 56 da rua Fernando Palha, um antigo armazém recuperado e transformado em galeria, e a produção de edições artísticas originais.
A plataforma tem também uma loja, na rua da Cintura do Porto de Lisboa, e começou em 2015 a organizar visitas guiadas de Arte Urbana em Lisboa.
A exposição de Shepard Fairey estará patente entre sexta-feira e 31 de julho e de 01 a 23 de semebro, já que a galeria estará encerrada em agosto.
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