“São aquisições que representam a preservação de importantes pedaços da nossa história, garantindo que as gerações futuras podem ter acesso a estes tesouros inestimáveis”, afirmou, citado no comunicado da Câmara, o presidente do executivo, Emílio Torrão, aludindo às quatro obras do escritor nascido em Montemor-o-Velho (distrito de Coimbra) entre 1520 e 1524.

Jorge de Montemor, escritor português que também se notabilizou como poeta, músico e aventureiro, é autor de um dos expoentes da novela pastoril, o romance quinhentista “Diana”, que integra o leque de títulos adquiridos pelo município.

“Só no século XVI a obra teve 17 edições, tendo sido escrita originalmente em castelhano, como era costume deste estilo literário”, lê-se no comunicado.

O lote inclui uma das primeiras edições de Diana - intitulada, em espanhol, “Primera Aedicion de los Siete Libros de la Diana” - datada de 1570, e uma edição de 1614 da "Parte primera y segunda de la Diana”, “encadernada pelo reconhecido mestre encadernador Emilio Brugalla”.

Os dois restantes livros são uma rara edição bilingue castelhano-francês de 1613 de "Los Siete Libros de la Diana de George de Montemajor” e o livro “El Cancionero del Poeta George de Montemayor”, a sua primeira obra de vulto, dedicada a D. João Manuel e D. Joana de Áustria, pais de D. Sebastião, aqui numa edição datada de 1932.

Todas poderão, brevemente, ser admiradas pelo público no novo núcleo museológico dedicado a autores do concelho, a instalar no Convento dos Anjos.

A coleção ligada a autores do município já dispunha, desde finais de 2023, de uma primeira edição completa da “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, impressa em 1614, também adquirida pelo município.

Em declarações à agência Lusa, Emílio Torrão estimou o custo total dos quatro livros, agora adquiridos em Espanha em alfarrabistas e livreiros, em pouco mais de quatro mil euros.

Ao reforçar o conjunto de obras de Jorge de Montemor, o presidente da Câmara acredita que o município de Montemor-o-Velho “deve assumir o papel de guardião da sua cultura literária e de promotor do conhecimento, valorizando as figuras históricas do concelho e as suas obras maiores”.

O poeta, que frequentou a corte espanhola e manteve contactos com poetas castelhanos, morreu em Itália, em Piemonte, em 1561.