O autor, compositor e intérprete Charles Dumont, compositor de “Non, je ne regrette rien” de Edith Piaf, faleceu na noite deste domingo, 17 de novembro, em Paris, aos 95 anos, após uma doença prolongada, anunciou o seu companheiro à Agência France-Presse (AFP).
Segundo o jornal francês Le Monde, a carreira deste trompetista de formação ficou para sempre transformada na década de 1960, quando convenceu a estrela Edith Piaf a interpretar uma das suas composições.
Ao longo dos seus quase sessenta anos de carreira, Charles Dumont também colaborou com Dalida, Barbra Streisand e Tino Rossi. O álbum 'Une femme' rendeu-lhe o prémio Académie Charles-Cros em 1973.
Na rede social X, a ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, lamentou a morte do músico, que classificou de "monstro sagrado da canção francesa" e de "intérprete de imenso talento".
"A minha mãe deu-me à luz, mas Edith Piaf trouxe-me ao mundo", disse o músico em entrevista à AFP em 2015, acrescentando: "Sem ela, nunca teria feito nada do que fiz, nem como compositor nem como cantor".
Apaixonado pelo jazz a partir do momento em que descobriu o trompetista norte-americano Louis Armstrong, estudou no Conservatório de Toulouse e mudou-se depois para Paris, onde, impossibilitado de tocar trompete por causa de uma operação malsucedida às amígdalas, se vira para a composição.
Com o letrista Michel Vaucaire assina "Non, Je Ne Regrette Rien" que insistem em apresentar a Piaf, algo que acontece em 1960, três anos antes da morte da cantora, após várias tentativas falhadas.
"Charles, tímido, põe-se ao piano. Apoia-se com força sobre o teclado. Cantarola 'Non, Je Ne Regrette Rien'. O que se segue é conhecido. Com o seu instinto infalível, Piaf sabe desde logo que descobriu o compositor que lhe vai permitir fazer o seu grande regresso ao palco", pode ler-se no obituário publicado pelo jornal Le Figaro, que ressalva que seria injusto reduzir a carreira de Dumont ao seu breve período com Piaf.
Charles Dumont continua, então, a trabalhar com Vaucaire, assina composições para vários músicos, para a televisão e para o cinema, como o filme "Sim, Sr. Hulot", de Jacques Tati.
Dumont edita o seu primeiro disco como intérprete em 1964, aceitando os conselhos de Piaf, como lembra a biografia patente na RFI, que assinala o trabalho com Sophie Makhno, a partir de 1967 que lhe dá uma "nova carreira, mais pessoal".
A sua última aparição em palco foi em 2019.
*Com Lusa
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