De acordo com o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, a exposição – com cerca de 300 imagens distribuídas por dez núcleos – tem inauguração marcada para as 19:00 desse dia, ficando aberta ao público entre 27 de setembro e 20 de janeiro de 2019.
Intitulada “Carlos Relvas (1838-1894). Vistas Inéditas de Portugal. A Fotografia nos Salões Europeus”, a exposição tem curadoria de Victor Flores, Ana David Mendes, Denis Pellerin e Emília Tavares.
Considerado um dos fotógrafos amadores mais reconhecidos na história da fotografia portuguesa do século XIX, Carlos Relvas mantém ainda muito por descobrir, segundo os investigadores.
Esta exposição teve como ponto de partida um projeto de investigação (CICANT — Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias) dedicado ao estudo da fotografia estereoscópica de Carlos Relvas, e à importância dos seus primeiros anos de atividade como fotógrafo, entre 1862 e 1874, um dos períodos menos conhecidos do autor.
Para o seu estudo “foi decisivo o cruzamento das imagens do arquivo da Casa-Estúdio Carlos Relvas com as coleções de cinco instituições e de vários particulares, revelando um conjunto considerável e inédito de provas originais em albumina”, sublinha o Museu do Chiado, em comunicado sobre a exposição.
Este levantamento permitiu a redescoberta de retratos e de vistas de Portugal, que “testemunham uma prática rigorosa de diferentes técnicas, géneros e formatos fotográficos, dando uma configuração mais ampla e dinâmica” ao primeiro período da obra fotográfica de Carlos Relvas.
Organizada em dez núcleos principais, a exposição destaca a primeira presença de Carlos Relvas na exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes, em 1868, e a sua internacionalização, com a participação nas exposições de alguns dos principais salões fotográficos europeus, como a reputada Société Française de Photographie, a Exposição Universal de Viena e a Exposição Nacional de Madrid.
A partir do seu trabalho deste período, “é possível aprofundar e revelar novas facetas de algumas das questões fundamentais da fotografia portuguesa de oitocentos”.
Carlos Relvas começou por fotografar o que lhe era próximo e familiar. Os temas predominantes no primeiro período da sua atividade fotográfica foram a sua família, a Golegã e o seu primeiro estúdio.
As relações de cumplicidade de Carlos Relvas com alguns dos mais importantes pintores deste período, permitiram delinear, pela primeira vez, a natureza do diálogo entre a fotografia e a pintura do século XIX português.
A exposição “consagra um importante destaque ao exímio fotógrafo retratista através de uma análise da evolução desta tipologia no seu percurso, desde o primeiro estúdio, ainda improvisado, até à sofisticação técnica e arquitetónica do segundo, um dos raros estúdios de fotografia do século XIX construído de raiz, e ainda preservado na sua terra natal da Golegã”.
Trata-se do resultado da investigação de um autor e de uma época, com o apoio do Museu do Chiado, na produção e divulgação de projetos inéditos para o conhecimento da história da fotografia em Portugal.
“A admissão da fotografia nos salões de belas-artes, muito embora pareça não ter gerado tanta polémica como noutros países, teve os seus temas significativamente confinados à reprodução de obras de arte e à fotografia patrimonial, estabelecendo-se assim uma clara fronteira entre os géneros da pintura e os da fotografia”, salienta o museu sobre esta prática.
A exposição possui dez núcleos: “Fotografia e Património”, “Fotografia e Belas-Artes”, “Os Salões de Fotografia Europeus”, “As Primeiras Fotografias”, “Na Câmara Escura”, “As Séries Estereoscópicas e a Paisagem”, “Atelier Relvas — Uma Reconstituição”, “Imagens Resgatadas” e “A Casa Estúdio e Novas Técnicas”.
Inclui ainda diversa documentação – álbuns de fotografia, publicações fotográficas de época – material fotográfico, e material de estúdio, bem como dez pinturas criadas por Ferreira Chaves, José Malhoa, Guilhermina Reis, Francisco José Resende e José Rodrigues, entre outros.
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