“Não esperamos enchentes, mas que as pessoas venham ver as obras de arte, que nunca desapareceram, e as possam abraçar com os olhos”, disse a diretora do museu, Emília Ferreira, contactada pela agência Lusa sobre o impacto da pandemia de covid-19 no quotidiano do museu, no centro histórico de Lisboa.
Dois dias depois do encerramento ao público exigido pelo plano de contingência de luta contra a pandemia, a equipa do Museu do Chiado começou a reforçar os seus conteúdos nas redes sociais, uma atividade que lhe trouxe “um aumento exponencial de visitantes no Facebook, para 20 mil”, revelou.
Sobre a reabertura ao público, já anunciada pelo Governo para 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, a diretora indicou que houve uma reunião na semana passada com a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) para receber orientações.
“Vamos avaliar o número de vigilantes disponíveis e as condições sanitárias. Até dia 18, vamos criar um plano e ter tudo preparado para receber o público com toda a segurança”, garantiu Emília Ferreira.
As indicações centrais são para o uso de máscara, a disponibilização de gel desinfetante, limpeza constante dos espaços, funcionários com viseiras e luvas, acrescentou.
Sobre as entradas, “terá de ser cada instituição a determinar o fluxo dos visitantes, e avaliar o número de pessoas em cada sala”, adiantou a responsável.
“Tenho dúvidas, como creio que toda a gente tem. Espero que, mais do que o medo, vença a vontade de viver. Estamos muito necessitados de apanhar sol, claro, mas também de algo interior, de respirar as obras de arte. Aceder à cultura novamente dará sinais de esperança às pessoas”, comentou a historiadora de arte.
Enquanto o museu estiver encerrado, vão continuar a campanha digital de divulgação da coleção na rede social Facebook – ativa desde 16 de março – com pequenos filmes inspirados em obras dos séculos XIX, XX e XXI, nomeadamente, na rúbrica “Diário das Pequenas Coisas”.
“O ‘site’ do museu é antigo, limitador, e não é interativo, portanto o Facebook tem sido a nossa grande montra de investimento, com histórias da História de uma Coleção, obras emblemáticas, ou a exposição dedicada a Sarah Affonso, que, infelizmente, não pode ser prolongada, devido a compromissos prévios dos emprestadores”, disse à Lusa a responsável, que começou a dirigir o museu no final de 2017.
“O objetivo também é divulgar aspetos menos conhecidos das obras, e assim criar uma curiosidade que leve o público a regressar ao museu”, que deverá reabrir a 18 de maio, tal como todos os espaços tutelados pela DGPC.
Emília Ferreira disse à Lusa que este encerramento inesperado dos museus levou a readaptações, já que a programação do Chiado estava fechada até 2022.
“Estamos a trabalhar muitíssimo. Isto exigiu um esforço enorme da equipa para criar conteúdos digitais”, assinalou a curadora, acrescentando que “o resultado foi muito positivo”, com o aumento dos seguidores na rede social Facebook a aumentar para o dobro, somando agora 20 mil.
De acordo com as estatísticas de visitantes de museus reunidas pela DGPC, em 2019, o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado recebeu 63.343 visitas, num aumento de 15,3% relativamente ao ano anterior.
Ao longo desse ano, foram apresentadas 18 exposições, 13 nas suas instalações próprias e cinco fora de portas, destacando-se “Sarah Affonso. Os dias das pequenas coisas”, com curadoria de Maria de Aires Silveira e da própria diretora, “Orto de incêndio. 27 artistas a partir de Al Berto”, com curadoria de Ana Lúcia Natividade, André Almeida e Sousa e Paulo Brighenti, às quais é possível obter mais informação através do Facebook do museu.
O Museu do Chiado foi fundado em 1911, como Museu Nacional de Arte Contemporânea, está instalado no Convento de São Francisco, no centro histórico de Lisboa, e o seu acervo integra mais de 5.000 peças de arte, num percurso cronológico desde 1850 até à atualidade, incluindo pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo.
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