A exposição “Ídolos – Olhares Milenares” vai estar patente no MNA até 17 de outubro, e reúne peças nacionais provenientes de sítios arqueológicos localizados em 35 concelhos e pertencentes a 11 instituições portuguesas.
O diretor do MNA, António Carvalho, salientou à agência Lusa esta cooperação institucional, que afirma o museu como “um espaço de referência da arqueologia portuguesa”.
A exposição é também, sublinhou António Carvalho, “uma reflexão sobre os últimos 130 anos de história da Arqueologia ibérica, neste domínio”, destacando-se os investigadores José Leite de Vasconcellos (1858-1941), autor de, entre outras obras, “Religiões da Lusitânia”, três volumes publicados entre 1897 e 1913, e o belga Luís Siret (1860-1934), autor de “Les Réligions Neólithiques de l’Ibérie” (1908).
A exposição esteve patente em Espanha, no Museu Arqueológico de Alicante, no início do ano passado, e, até ao passado mês de janeiro, no Museu Arqueológico Regional de Madrid, em Alcalá de Henares, sendo comissários científicos da mostra Jorge A. Soler e Primitiva Bueno Ramírez.
Para o MNA, no Mosteiro dos Jerónimos, a exposição foi reprogramada e a montagem da exposição foi repensada, tendo em conta o espaço histórico onde vai estar patente, como disse à Lusa, o responsável pela museografia, o arquiteto alicantino Ángel Rocamora Ruiz.
Rocamora Ruiz explicou à Lusa que procurou um “diálogo” entre as peças pré-históricas e a arquitetura dos tetos do antigo mosteiro.
António Carvalho, por seu turno, realçou que a ideia é “apresentar uma exposição muito pedagógica”.
A exposição abre com um vídeo sobre e período pré-histórico (4.º e 3.º milénios antes de Cristo), na Península Ibérica.
Respeitando as regras sanitárias, haverá objetos disponíveis para serem manuseados pelos visitantes.
A escolha do título, “Ídolos”, remete para as figuras antropomórficas, que, no final do século XIX e na primeira metade do século XX, foram denominadas como “ídolos”, interpretados no quadro da cultura judaico-cristã, explicou António Carvalho.
Como se pode ler na exposição, “os ídolos não são só deuses, são representações do corpo dos próprios, de entes queridos, de antepassados ou de linhagens”.
A exposição apresenta as primeiras representações artísticas do rosto e da figura humana em diferentes materiais, designadamente em osso de animais, pedra, cerâmica, marfim e ouro, apresentando um “conjunto único” de representações esquemáticas do homem e da mulher, realizadas na metade meridional da Península Ibérica, sendo um testemunho das crenças partilhadas pelas comunidades do final do Neolítico e do Calcolítico, entre 3.300 e 2.500 antes de Cristo.
A mostra divide-se em duas partes, uma em que se evidencia a tipologia das peças, salientando-se a tecnologia do sílex, com a qual se produzia artefactos essenciais para gravar os traços das figuras desenhadas nos diferentes materiais, nomeadamente de pedra, que exigia um manuseamento seguro.
Nesta zona da exposição são ainda referenciadas as diferentes tipologias dos artefactos.
Na segunda parte, evidencia-se a vida comunitária e a “forte ligação” à morte.
Neste núcleo, no pavimento está desenhado o “emblemático enterramento” de mulheres encontrado em Montelirio, Valencina de la Concepción, em Castilleja de Guzmán, em Sevilha.
“Idolos” marcará a reabertura do MNA.
De acordo com o “plano de desconfinamento” anunciado pelo Governo, a reabertura de museus monumentos, palácios, galerias de arte e similares poderá efetuar-se a partir de 05 de abril, antes do regresso à atividade de teatros, salas de espetáculos e cinemas, a partir de 19 de abril.
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