Em entrevista à Lusa, Diogo Piçarra contou que sempre que partilhava o nome do novo trabalho a alguém “as pessoas ficavam a pensar ‘vem aí romance’”.
Mas “SNTMNTL” é outra coisa, “principalmente pela eletrónica, e por algumas letras”. Foi para deixar isso patente no título que acabou por retirar as vogais da palavra, desconstruindo-a, fazendo com que o “significado que ela ficasse mais agressivo e um bocadinho mais provocador”.
“E era o significado que eu queria que esse título tivesse. Lê-se sentimental, mas não significa só sentimental”, explicou.
Além disso, o sucessor de “South Side Boy”, editado em 2019, nasceu numa nova realidade, “acima de tudo de pós-pandemia, mas também de inteligência artificial, de redes sociais, de plataformas digitais.”
Embora no novo álbum Diogo Piçarra assuma uma mudança no percurso musical, esta não é “a 100%”, visto que “está lá sempre a essência”, nas músicas “que remetem as pessoas para os primeiros trabalhos”.
“Mas, sem dúvida que tenho alguns temas um bocadinho mais ‘exploradores’, na medida em que me aventurei um bocadinho mais em estilos eletrónicos em que não me tinha aventurado e até mesmo algumas letras que ainda não tinha abordado”, disse.
Para quem segue o trabalho de Diogo Piçarra, a aposta na música eletrónica “não vai ser nenhuma surpresa”. “Já tinha lançado algumas coisas assim, e já tinha mergulhado um pouco no ‘drum ‘n’ bass’ e no ‘house’”, disse.
A ter havido algum ‘choque’ terá acontecido com “Dialeto”, do álbum “do=s” (2017), “pela música em si, que é mais ‘tropical house’, e com a letra ‘bye bye bye’, as pessoas ficaram meio ‘ei, o que é que vem aí?’, mas claro que a essência estava lá toda”.
“Desde aí, tem estado bem presente na minha vida a eletrónica, seja em disco, seja no concerto também. Desde esse momento, convidei bailarinos para fazerem parte do espetáculo. Faz todo o sentido e há sempre um momento mais de dança. Por isso, acho que não vai ser de todo estranho, as pessoas já vão esperar porque está sempre aliado à ‘pop’”, referiu.
Diogo Piçarra sempre ouviu música eletrónica, sempre, ou maioritariamente, cantada em inglês.
“O desafio é tentar transformar esse estilo e tentar adaptá-lo à nossa língua, o que não é fácil, nem sempre funciona com todo o estilo musical, com todas as palavras que existem no mundo. Tenho vindo a cavar, a pesquisar e a tentar também evoluir nesse sentido, na produção e na escrita, e tentar escolher as palavras certas, que possam combinar com a eletrónica que tenho usado, e estou feliz com o resultado”, referiu.
Para o ajudarem com a produção dos temas, Diogo Piçarra convocou vários produtores ligados à eletrónica, como Tom Martin, Stego ou Holly.
“Ter outros produtores a ajudar-me na produção, ou na pós-produção, é dar-me outra visão de que não estou nada à espera e de que preciso mesmo, porque quero que a música vá por um caminho diferente”, referiu.
No novo álbum, Diogo Piçarra não assume apenas uma mudança musical, mas também ao nível das letras, e isso nota-se num dos primeiros ‘singles’, “Não te odeio”, no qual fala “de não querer ter pessoas falsas e tóxicas por perto”. “Ainda nunca tinha falado sobre isso, mas já o sinto desde o início, há muito tempo”, partilhou.
O músico quer que o novo trabalho seja “completo em todos os sentidos – musical e visualmente”, e, por isso, as músicas têm vídeos, “que remetem para as questões da robótica”.
Diogo Piçarra revelou que isso irá também passar para o palco. Diogo Piçarra atua em 13 de abril no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, e no dia 20 do mesmo mês no Campo Pequeno, em Lisboa.
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