“Sinto-me muito honrado por ter sido nomeado, e por, de alguma forma, voltar ao São João, especialmente a um TNSJ que muito beneficiou e cresceu com os contributos de todos os seus diretores artísticos, do Ricardo Pais até ao trabalho de Nuno Carinhas, que ainda o desenvolve”, afirmou à agência Lusa.
Nuno Cardoso coordenou a programação do Teatro Carlos Alberto, entre 2003 e 2007, quando Ricardo Pais dirigia o S. João, e lembrou que se passou “uma década na qual houve uma transformação muito grande da nossa sociedade”.
Segundo o encenador, esta será “uma responsabilidade muito grande”, por liderar “um ex-libris da cidade”, lembrando que Nuno Carinhas vai continuar a desenvolver o seu trabalho até ao final do ano.
Remetendo reflexões sobre o cargo e o período desde que saiu do São João para mais tarde, o criador disse ainda que a companhia Ao Cabo Teatro, de que é diretor artístico, irá “continuar” sem ele, até por ser “feita de muita gente”.
O encenador Nuno Cardoso foi hoje anunciado como novo diretor artístico do Teatro Nacional de S. João (TNSJ), sucendendo a Nuno Carinhas, a partir de 1 de janeiro de 2019.
Encenador e ator, Nuno Cardoso nasceu em Canas de Senhorim, em 1970, iniciou o seu percurso teatral no começo da década de 1990, no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC).
Fez parte do elenco de peças encenadas por Paulo Lisboa, Paulo Castro, João Paulo Seara Cardoso, Nuno M. Cardoso, João Garcia Miguel, Victor Hugo Pontes, entre outros, interpretando textos de autores como Eurípides, William Shakespeare, J.W. Goethe, Anton Tchékhov, Frank Wedekind, Fiodor Dostoievski, Gregory Motton, Bernard-Marie Koltès e Peter Handke.
Do seu trabalho como ator destaca-se ainda a trilogia constituída pelos espetáculos “Subterrâneo”, encenado por Luís Araújo (2016), “Náufrago”, encenado por John Romão (2016), e “Apeadeiro” (2017).
Em 1994, Nuno Cardoso foi um dos fundadores do coletivo Visões Úteis, onde foi responsável por espetáculos como “Porto Monocromático” (1997).
É diretor artístico do Ao Cabo Teatro onde tem trabalhado autores como Shakespeare e Tchékhov, e encenado dramaturgos como Ésquilo, Sófocles, Molière, Racine, Henrik Ibsen, Friedrich Dürrenmatt, Federico García Lorca, Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Lars Norén, Sarah Kane e Marius von Mayenburg, entre outros.
Paralelamente, Nuno Cardoso tem desenvolvido projetos teatrais de cariz comunitário ou envolvendo não profissionais, como os que concretizou no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, em 2001, a partir de “Ricardo II”, de Shakespeare, interpretado por jovens residentes no bairro da Cova da Moura (2007), ou “Porto S. Bento” (2012), com moradores do Centro Histórico do Porto.
“O despertar da primavera”, de Wedekind (2004), “Woyzeck”, de Büchner, no ano seguinte, e “Platónov” e “A Gaivota”, de Tchékhov, em 2008 e 2010, respetivamente, contam-se entre os trabalhos que encenou no Teatro Nacional São João.
“Coriolano”, de Shakespeare (2014), “O Misantropo”, de Molière (2016), ou “Veraneantes”, de Gorky, em 2017, foram trabalhos da sua autoria em coprodução com este Teatro Nacional.
Com a encenação de “Demónios”, de Lars Norén, Nuno Cardoso recebeu o Prémio Autores 2016 da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), na categoria de melhor espetáculo, sendo que o espetáculo mais recente, "Timão de Atenas", de Shakespeare, estreou no Teatro Municipal Rivoli em abril e esteve, de 13 a 23 de setembro, no São Luiz Teatro Municipal.
Comentários