À medida que o mundo se reergue da pandemia provocada pelo SARS-CoV-2, há setores que procuram recuperar o ritmo e voltar a outros tempos. A cultura é um dos maiores exemplos, depois de dois anos com vários eventos cancelados e adiados, museus despojados de pessoas e palcos despidos, entre tantos outros vazios impossíveis de quantificar. Segundo a UNESCO, o mundo perdeu 10 milhões de empregos nas indústrias criativas em 2020 devido ao impacto da pandemia e, ao mesmo tempo, diminuiu o apoio aos setores cultural e criativo.“Um colapso sem precedentes no rendimento e emprego” nestes setores, sublinha o relatório produzido pela organização.
É para ajudar a curar um ecossistema que ficou debilitado que duas marcas juntaram forças. O museu internacional de fotografia Fotografiska juntou-se ao workspace NeueHouse. O primeiro, com localizações em Nova Iorque, EUA, Estocolmo, Suécia e Talin, Estónia, fundado em 2008, é o maior museu de fotografia do mundo, tendo albergado centenas de exposições e recebido mais de três milhões de visitantes. O segundo é um espaço de cowork e uma comunidade criativa, reservada a membros, com localizações em edifícios icónicos, ao nível arquitetónico, como o Bradbury Building, no centro de Los Angeles, nos EUA. As duas, formam a CultureWorks, uma empresa apoiada por um investimento de 35 milhões de dólares.
Juntas, as duas empresas têm mais de 10 mil membros que pagam para aceder aos seus espaços, eventos e experiências exclusivas. Mantendo as duas marcas vivas individualmente, a CultureWorks otimiza a relação entre ambas, cruzando eventos.
A ideia surgiu quando Josh Wyatt, CEO da NeueHouse, e Yoram Roth, presidente do Fotografiska, se cruzaram na feira de arte Frieze Los Angeles, no início de 2020. “Foi um momento ‘aha’ em que olhámos um para o outro e vimos que éramos dois irmãos separados à nascença que se voltaram a encontrar”, contou Wyatt à FastCompany.
“O que quisemos fazer foi criar uma plataforma com estas duas marcas para dizer que se alguém quiser tomar a decisão de experimentar cultura, pode fazê-lo dentro de uma comunidade criativa extraordinária, em torno de outras pessoas que realmente a inspiram e, igualmente importante, com uma experiência visual e de design que é especial”, relata o agora CEO da CultureWorks.
Como escreve Nate Berg, no artigo publicado na FastCompany, um museu de fotografia e um espaço de cowork extravagante podem não ser a cura milagrosa para um setor que precisa de apoios e de uma visão estruturada e apoiada pelos Estados, mas é uma forma inovadora para tentar chegar a mais pessoas numa altura em que o ecossistema precisa de recuperar o tempo perdido.
“O molho secreto, na minha opinião, é a comunidade. Uma pessoa até pode ter toda a cultura do mundo, mas é preciso ter repercussão junto das pessoas com quem está a fazer isso”, diz Roth, proprietário maioritário da CultureWorks.
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