[O Francisco tem 19 anos, estuda nos Países Baixos e está em viagem com um passe de Interrail que o vai levar por esta Europa fora e este é o seu diário de viagem publicado no SAPO24]
Dia 10 (18 de julho) Dica #12 para futuros viajantes: falar com os locais. Sempre com cuidado, claro. Visitar um lugar é muito mais do que a paisagem, a arquitetura ou as lembranças para a família - as pessoas à nossa volta fazem parte da experiência. Amelia e eu temos estado um tanto focados em nós, mas amanhã isso muda: vamos juntar-nos a um grupo de 30 pessoas para visitar os pontos mais interessantes de Berlim - com foco na participação política, mas não só. Está tudo combinado por WhatsApp e até já sei que vou jantar pizza Prosciutto (típica iguaria alemã, não é?) no primeiro dia. Estou muito mais descansado.
Não há stresses com a estadia em Berlim. O comboio é pontual na chegada
Estamos de partida de Praga, mas não tão cedo como noutras viagens. Saímos da estação às 08:40, num comboio direto para Berlim. Sinto que por esta altura já devia estar mais habituado à carga que carrego, mas parece que fica mais pesada à medida que os dias vão passando. Pergunto-me se terei feito assim tantas compras.
Não há stresses com a estadia em Berlim. O comboio é pontual na chegada, algo que não estávamos à espera de um comboio da Deutsche Bahn. Que boa surpresa! A nossa cabine é calma - duas alemãs completamente embrenhadas na sua -, e temos lugares à janela, o que sabe sempre bem. Aproveitamos o silêncio para pregar olho durante boa parte das quatro horas de viagem.
A chegada a Berlin Hauptbahnhof (uma estação gigante e mais nova do que eu, entrou em funcionamento em 2006) marca mais cinquenta minutos de viagem até ao nosso destino, entre metro de superfície e caminhada. Ficamos no A&O Berlin Kolombus, na parte este de Berlim, o maior do grupo na cidade. Tem lavandaria, 5€ para lavar e outro tanto para secar a roupa, e, não resisto, uma máquina de pizzas feitas na hora! O preço é superior ao que temos pago, mas não se pode dizer que cerca de 25€ por pessoa seja caro, sobretudo quando estamos a falar de Berlim - e tendo em conta uma reserva feita com pouca antecedência.
Markus queixa-se de ter sido roubado pelos colegas de quarto, 150€, cuidado
O nosso quarto fica no oitavo andar, sete patamares de elevador e um último lance de escadas. Chegamos ao mesmo tempo que Markus, mais velho que nós, que vai para uma convenção católica em Gothenburg. Antes de sair, sugere-nos uma discoteca techno, Tresor, como o nome do perfume, "desde que não nos importemos com fumo de cigarros". Parece anedota. E queixa-se de ter sido roubado pelos colegas de quarto, 150€, cuidado.
Enquanto a máquina lava a nossa roupa, vagueamos pelas ruas perto do hostel. Um supermercado Lidl mesmo em frente, uma pequena loja de comida chilena, La Picá de Deli Mel, com umas empanadas com boas avaliações no Google Maps. Entramos e experimentamos. Brutais, vale mesmo a pena. Uma empanada, com ou sem molho a acompanhar, custa 6,50€, mas sacia completamente a fome.
De volta ao hostel, é preciso secar a roupa. Ligamos a máquina e vamos para o quarto, sempre atentos, não vá alguém achar que não têm dono. O tambor às voltas e lembramo-nos dos conselhos de Markus, é bom estar alerta, sempre alerzzzzzz... adormecemos.
Passamos por um parque para crianças desenhado para as expor a situações um pouco perigosas, um conceito que desconhecia por completo
Acordamos com a roupa pronta e sem grande vontade para festanças ou manjares. Comemos uns snacks que comprámos no Lidl e damos um pulo ao Prenzlauer Berg, um bairro da moda, e exploramos uma parte da cidade que não conheci na primeira vez que vim a Berlim, em setembro de 2022.
Passamos por um parque para crianças desenhado para as expor a situações um pouco perigosas, um conceito que desconhecia por completo, mas que Amelia diz ser comum para estes lados da Europa. A ideia é ensinar as crianças a lidar com ambientes menos amigos de forma autónoma (mas supervisionada).
Felizmente, passamos apenas uma noite neste A&O, um franchise de conveniência, mas não necessariamente de conforto
Enquanto o sol desce lentamente, passamos por outro parque, agora com uma elevação no centro e estruturas meio cobertas de hera. O cheiro a bubatz (marijuana, recentemente legalizada na Alemanha), paira em algumas áreas do recinto. Entre flores e piqueniques, decidimos continuar para mais um parque, de preferência com repuxos de água. O último parque por onde passamos é simples, baloiços, um balancé (há quanto tempo não brincava num see-saw!) e uma espécie de mini-anfiteatro, onde nos sentamos a conversar.
Felizmente, passamos apenas uma noite neste A&O, um franchise de conveniência, mas não necessariamente de conforto. Vou espreitar umas fotografias do Jugendherberge Ostkreuz, onde vamos ficar nos próximos dois dias, e promete muito mais. Parece sempre melhor quando não somos nós a pagar.
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