O objetivo é criar uma escola com alunos de diferentes nacionalidades, incluindo portugueses, e fazer intercâmbios com o Alentejo.
"A ideia é criar um polo de cante alentejano em Paris, uma escola. Para já temos 11 pessoas, só duas são portuguesas, há um argelino, uma italiana, uma franco-alemã e o resto são franceses. Estamos a fortalecer-nos com esta coisa da interculturalidade que faz parte de Paris", explicou Carlos Balbino, de 29 anos, à Lusa.
O pontapé de saída para o lançamento da escola será dado a 27 de junho, em Paris, com um ‘casting’ na Casa de Portugal - Residência André de Gouveia que vai ser filmado pelo realizador Tiago Pereira, fundador do projeto "A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria".
As filmagens vão constituir o episódio final do documentário "Os Cantadores de Paris", que deverá estrear-se no festival DocLisboa em outubro, e que começou a ser rodado em fevereiro, com concertos improvisados em locais emblemáticos da capital francesa, depois de Carlos Balbino ter aprendido as músicas alentejanas no ‘site’ de "A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria".
"O cante alentejano, como todos os cantes folclóricos, acontecem através da transmissão oral. Nós, aqui, estamos a fazer o impossível porque não há ninguém para nos transmitir isso. Esse impossível só acontece graças aos tempos de hoje, ou seja, graças à internet. Vi vídeos na internet da ‘Música Portuguesa A Gostar Dela Própria’, fui aprendendo essas músicas e fui passando para o grupo", contou.
O Rancho de Cantadores de Paris nasceu com a criação da peça de teatro, encenada por Carlos Balbino, "La Dernière Corrida" ("A Última Tourada"), da companhia Rêves Lucides, um espetáculo que aconteceu entre 23 de fevereiro e 07 de abril, no teatro La Croisée des Chemins, em Paris.
Carlos Balbino, que foi para Paris em 2011 para terminar os estudos de teatro na École International de Théâtre de Jacques Le Coq, quis levar ao palco o cante alentejano e o tema das touradas depois de o primeiro espetáculo da companhia, "L'Architecte des Rêves", em 2013, ter recorrido ao canto polifónico russo numa peça sobre a sociedade russa durante a construção dos Jogos Olímpicos de Inverno.
Desde o início, o encenador quis criar um grupo internacional, apesar das reticências dos portugueses.
"Os portugueses e os alentejanos que vivem cá vieram fazer o nosso primeiro casting e ficaram frustrados porque havia pessoas que nunca tinham falado português na vida, havia mulheres e, na cabeça deles, as raparigas nunca podiam cantar cante alentejano. Eu lutei contra essa ideia e fiz um grupo com aqueles que ficaram. Há pessoas que nunca tinham cantado na vida e pessoas que não falam português", descreveu.
Na agenda parisiense, o Rancho de Cantadores de Paris tem previstos concertos, na sua maioria gratuitos, na Chapelle des Lombards (no passado 11 de maio), no Marché Saint Quentin (21 de maio), no festival Parfums de Lisbonne (03 de junho), na Casa de Portugal de Plaisir (18 de junho), no Festival Porto via Paris à Montreuil (24 de junho), Parque Montsouris (13 e 26 de agosto, 10 de setembro e 21 de outubro) e no Consulado de Portugal (27 de novembro).
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