Ir a um museu ou a uma exposição de arte é uma experiência diferente para cada pessoa que decide gastar um par de horas a observar quadros, esculturas, desenhos ou qualquer outro tipo de produção artística. Como não temos o artista ao nosso lado a dizer exatamente em que estava a pensar quando fez aquilo ou o que pretendia com “aquele” detalhe, a interpretação que fazemos ou o impacto que uma obra tem em nós é sempre subjetivo.
No entanto, com a Urban [R] Evolution, que abriu hoje (21 de junho) as portas ao público na Cordoaria Nacional, tivemos a oportunidade de ter uma experiência completamente diferente.
A exposição a cargo da Underdogs e da Everything is New, com curadoria de Pauline Foessel e Pedro Alonzo, tem como objetivo democratizar o acesso à arte, nomeadamente a urbana. Esta reune projetos de alguns dos melhores artistas das últimas décadas no que diz respeito ao movimento da “Street Art”, que começou a ganhar grande preponderância nos EUA no final da década de 70.
Com uma combinação de 18 artistas norte-americanos, portugueses e de outras nacionalidades, a Urban [R]Evolution contem obras que foram “desenhadas precisamente para o âmbito da exposição” e não simplesmente peças que foram temporariamente emprestadas de outro lugar, como destacou Álvaro Covões na sessão de abertura à imprensa.
Ao longo do extenso interior da Cordoaria estão 18 instalações de 18 artistas, quase que em fila indiana, cada uma com uma história, cada uma com uma influência, cada uma com uma explicação. E foram elas que tivemos a oportunidade de ficar a conhecer da perspetiva de cada artista presente na sessão da abertura da exposição.
A armada portuguesa foi liderada por nomes como Vhils e Obey, que hoje são incontornáveis no movimento de arte urbana português. Um pelos seus populares murais, o outro por ter sido um dos pioneiros em Portugal na arte do grafitti. Outros nomes que se destacam com instalações marcantes na exposição são Nuno Viegas, André Saraiva e Tamara Alves.
Entre os artistas internacionais presentes houve um grande destaque dado a Lee Quiñones, Shepard Farley e a Martha Cooper.
Lee é desde os anos 70 um dos principais percursores do movimento de “street art” em Nova Iorque e uma das principais influências para muitos dos artistas que estão a participar nesta exposição.
Shepard é um dos artistas urbanos mais conhecidos no mundo inteiro tendo criado o popular sticker de Andre The Giant, desenhado o poster “Hope” para a primeira campanha presidencial de Barack Obama e fundado a marca Obey.
Cooper é a fotógrafa americana que nos últimos 50 anos tem acompanhado a evolução do movimento de arte urbana um pouco por todo o mundo. É dela o fio condutor da toda a exposição com momentos intercalados entre as instalações de cada artista, com fotografias dos mesmos no momento de criação ou das obras finalizadas.
Destaque também para Barry McGee que não tendo estado presente na sessão de abertura tem também uma instalação especialmente desenhada para a Urban [R]Evolution. McGee é um dos nomes mais importantes da arte urbana, mais precisamente do grafitti, sendo também uma referência para praticamente todos os artistas presentes.
A destacar neste primeiro dia do Urban [R]Evolution foram os momentos de partilha dos próprios artistas com quem estava presente e entre eles próprios. Muitos estavam a ver as obras dos seus colegas pela primeira vez e tiveram a oportunidade de debater in loco opiniões, elogios ou histórias que os tinham levado àquele momento (com a ajuda das fotografias de Martha Cooper).
Os bilhetes para a exposição estão disponíveis através do site da Everything is New e das plataformas habituais.
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