Os números foram divulgados no culminar dos dois dias da Why Portugal Music Conference, que juntou em Leiria artistas e agentes do setor, e revelam "uma rentabilidade muito superior" ao de outros setores, considera o presidente da associação.
"Estes volumes [na área da música] são extremamente diminutos quando comparados com outros setores [da economia]", disse Hugo Ferreira, referindo-se aos valores apurados até agora, na ordem das centenas de milhar de euros, em termos globais. Mas o responsável destaca "o grau de rentabilidade", pelo baixo investimento necessário à exportação. "As indústrias criativas têm uma rentabilidade muitas vezes superior [a outros]", sublinhou Hugo Ferreira.
Desde que foi 'focus country' no festival Eurosonic, na Holanda, em janeiro de 2017, Portugal conseguiu levar missões a oito festivais europeus.
"Ao longo dos últimos quase dois anos, houve 56 artistas a serem selecionados para festivais internacionais e, destes, houve mais de cem atuações", notou o presidente da Why Portugal.
Hugo Ferreira lembrou que "o rácio [de um euros para dez euros] é ainda mais importante, porque todos os resultados destas ações têm efeito cumulativo". Por exemplo: "ainda há negociações do Eurosonic 2017 que estão a ter efeito".
Nessa edição, Portugal esteve presente com 20 artistas e 80 profissionais, para 80% dos quais "houve retorno muito significativo". Até ao final de 2017, essa presença na Holanda rendeu um valor calculado em 825 mil euros.
Em 2018, Portugal voltou a estar no festival com seis artistas, num investimento que trouxe negócio no valor de 70 mil euros. "Nessa edição, temos 100% dos projetos com resultados. Isto prova que começámos muito bem e podemos ir ainda muito melhor".
No Why Portugal Event 2018 e no Waves Vienna 2018 foram apurados até ao momento 32 mil e 52 mil euros para os envolvidos, respetivamente. E, em paralelo ao projeto específico de exportação, "fomos convidados em 22 festivais internacionais, em 15 países e três continentes".
O presidente da Why Portugal comparou os reflexos potenciais do trabalho que está a ser feito pela associação com o exemplo dos Madredeus, "que, em 1991, foram à Europália, e foi assim que começou uma das maiores carreiras internacionais de que há memória na música portuguesa". A Europália, mostra cultural europeia, na Bélgica, teve Portugal por país convidado, em 1991.
"É preciso olhar para esses exemplos e adaptá-los à realidade concreta que temos hoje. E é isso que estamos a fazer", levando artistas e bandas nacionais a feiras e certames que "devem definir a nossa principal estratégia".
Para o próximo Eurosonic, em 2019, há mais seis artistas nacionais confirmados.
Em Leiria, a Why Portugal Music Conference foi "muito importante para perceber este paradigma do investimento e do retorno".
"Foram aqui discutidos muitos apoios que muitas pessoas desconheciam, e foram definidas linhas estratégicas. Juntámos festivais e produtores a falar sobre o impacto cultural de um determinado evento. Um produto diferenciado, feito em Portugal e que consiga ter uma estratégia de exportação, vai ter garantidamente efeitos".
"Pensar a exportação portuguesa não pode ser um amor de verão", advertiu no entanto o presidente da Why Portugal. "É este o ponto decisivo onde estamos", concluiu Hugo Ferreira, que prometeu nova edição em 2019.
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