“Magalhães é uma marca, Magalhães é uma referência, Magalhães é uma inspiração”, disse o presidente da Estrutura de Missão para as Comemorações dos 500 anos da Circum-navegação, José Marques, em entrevista à agência Lusa.
Com um horizonte de três anos, o programa das comemorações conta já com dezenas de iniciativas centradas em três eixos - conhecimento, economia e cooperação - para assinar os 500 anos da primeira expedição marítima que deu a volta ao mundo, promovida pelo navegador português Fernão de Magalhães e pelo marinheiro basco Juan Sebastiánn Elcano.
“É muito importante que estas comemorações sejam uma oportunidade de refletir sobre o presente, de refletirmos o que herdámos, sobre os mares que navegámos e aquilo que queremos navegar ou aquilo que queremos construir”, acrescentou José Marques, salientando que a matriz que está associada às comemorações é “fazer a ponte entre aquilo que é o passado, o legado de Magalhães, o presente e o futuro”.
Envolver “os mais novos”, ou seja “os Magalhães de hoje”, é uma das maiores apostas, com muitas iniciativas a envolver a componente da Educação, tendo inclusivamente sido criadas redes de escolas e universidades “Magalhânicas”.
A rede de universidades “Magalhânicas” conta já com mais de 20 instituições, de nove países em quatro continentes que, segundo o presidente da Estrutura de Missão, têm tido um papel muito importante no desenvolvimento de iniciativas e projetos de aprofundamento do estudo associado à viagem da circum-navegação.
Um dos projetos que envolve estas universidades é a candidatura da Rota Magalhães a Património Cultural da Humanidade da UNESCO, um trabalho de estudo e inventário que está a ser coordenado por um professor catedrático espanhol e envolve instituições de Sevilha, Portugal, Uruguai, Canárias, Chile, Filipinas e Cabo Verde.
Além das redes de escolas e universidades, existe já desde 2013 a “rede mundial de cidades Magalhânicas”, localidades “tocadas há 500 anos pela viagem da circum-navegação” dispersas por países como Portugal, Espanha, Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Filipinas, Indonésia, Timor-Leste ou Cabo Verde.
Quanto às iniciativas das comemorações, que começaram já este verão e vão estender-se até 2022, José Marques revelou que se trata de um programa que está constantemente a crescer: “criou-se uma dinâmica em que todos os dias estamos a ser confrontados com a incorporação e com o conhecimento de várias iniciativas públicas e privadas”, disse.
“Temos comemorações que vão até 2022, isto não é nenhum ‘sprint’, ou seja, vamos criando uma espiral e uma dinâmica em espiral que seja agregadora, que seja inspiradora e, sobretudo, que envolva escolas, universidades, coletividades, municípios, vários organismos público e privados associados à história, associados à ciência, associados, sobretudo, a questões da economia, da economia do mar, do ambiente, da sustentabilidade”, acrescentou José Marques.
Depois de já ter sido editada uma agenda, em colaboração com a Imprensa Nacional - Casa da Moeda, e duas moedas comemorativas, no dia 20 será lançada uma edição especial de filatelia e está ainda previsto o lançamento em breve de uma carta náutica que ilustra a viagem de Fernão de Magalhães.
Há ainda o projeto de traduzir para português e editar o diário do cartógrafo e cronista António Pigafetta, que deixou um relato minucioso da expedição.
A organização dos VII Jogos Mundiais de Desporto para Todos, os “Magalhães Ocean Games” de desportos náuticos, as Olimpíadas Internacionais da Biologia, conferências e colóquios, são algumas das iniciativas já agendadas até 2022.
Em 05 de janeiro de 2020 partirá o navio-escola Sagres para fazer uma viagem de circum-navegação, embora sem recriar exatamente o percurso de Fernão de Magalhães, já que o objetivo é que no verão esteja em Tóquio, no Japão, para ser a “Casa de Portugal” durante os Jogos Olímpicos, à semelhança do que aconteceu em 2016 no Rio de Janeiro (Brasil), e em 20 de outubro em Punta Arenas, a celebrar a passagem do Atlântico para o Pacífico.
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