Em declarações à Lusa, o ativista Pembele Pacavira, integrante da SCC e um dos organizadores da conferência de imprensa, disse que não conseguiram realizar a mesma por impedimento da polícia.
Os ativistas deslocaram-se ao local pelas 06:00, mas a essa hora já a polícia havia cercado o espaço que tinham programado para a atividade, no Cazenga, em Luanda, afirmando ter-se deparado com um “cenário totalmente abarrotado”.
“Ficámos lá cerca de duas horas à paisana, mas infelizmente começaram a perseguir-nos, tivemos de abandonar o local, para evitar detenções”, declarou, afirmando desconhecer as razões por que a polícia inviabilizou a conferência que se iria realizar no mural da cidade, na Mulemba Waxa Ngola, já que se trata de um espaço público.
O ativista acrescentou que tentaram falar com a polícia, a abordagem foi “arrogante” e intimidaram com detenções , acusando a polícia de falta de diálogo: “disseram-nos para nos afastarmos senão seriamos detidos”.
Explicou que pretendiam apresentar a sua posição face aos resultados provisórios das eleições divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que consideram “não corresponder à realidade”.
Queriam também falar sobre “as detenções arbitrárias que estão a acontecer no país”, apontando casos no Uíje, Malanje e Benguela, bem como perseguições em Luanda.
Houve situações em que a polícia nacional usou disparos para dispersar grupos que pretendiam “exigir verdade eleitoral” e manifestar-se contra os resultados provisórios apresentados pela CNE.
Um dispositivo policial com duas dezenas de elementos concentrou-se hoje junto a um local para onde estava agendada uma conferência de imprensa de ativistas para contestar os resultados eleitorais de Angola.
No local, a Lusa testemunhou esta manhã dois agentes a afastarem motoqueiros que fazem serviço de táxis sem invocar qualquer razão, bem como um dispositivo policial com duas dezenas de elementos.
Segundo dados divulgados pela CNE, quando estavam escrutinados 97,03% dos votos das eleições realizadas na passada quarta-feira, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde 1975, venceu as eleições gerais de Angola com 51,07%, seguido da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) com 44,05% dos votos.
Segundo estes dados, o MPLA com 3.162.801 votos, menos um milhão de boletins escrutinados do que em 2017, quando obteve 4.115.302 votos, elege 124 deputados.
Já a UNITA fica com 90 assentos parlamentares, elegendo deputados em 17 das 18 províncias e obtendo uma vitória histórica em Luanda, a maior província do país, conseguindo até então 2.727.885 votos, enquanto em 2017 obtivera 1.800.860 boletins favoráveis.
No entanto, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, contestou na sexta-feira a vitória do MPLA e pediu uma comissão internacional para comparar as atas eleitorais na posse do partido com as da CNE.
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