No final de uma reunião de cerca de hora e meia, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos não quiseram referir-se nem a municípios concretos nem balizaram o número de coligações pré-eleitorais que esperam alcançar, que estará dependente da vontade das estruturas locais e da aceitação das direções nacionais.
“Este acordo não vai dizer que só há coligações com o CDS e com mais ninguém (…) A única questão que estamos de acordo é que não haverá com o Chega, mas tirando o Chega logo se verá”, explicou Rui Rio, salientando que “há muito” que rejeitou essa hipótese e que esta posição nada tem a ver com os resultados das presidenciais.
Questionado sobre a razão dessa exclusão do partido liderado por André Ventura, Rio respondeu: “O Chega para ter conversas com o PSD tem de se moderar, o Chega não se tem moderado, não há conversa nenhuma”.
Na mesma linha, também Francisco Rodrigues dos Santos disse já ter sido “perentório” que “não haverá coligações com o Chega, nem em autárquicas nem em legislativas”.
Sobre as próximas autárquicas, Rio admitiu que a conversa com o líder do CDS-PP também passou pela Câmara de Lisboa - “seria hipócrita se dissesse que não”- , mas assegurou que está tudo “em aberto”, depois de Rodrigues dos Santos ter defendido um candidato único à capital.
“Nós tivemos uma reunião que é a primeira, não vai precisar de haver muitas outras para definir aquilo que é um acordo chapéu que permitirá que nos concelhos onde as estruturas locais o quiserem e as nacionais aceitarem haja coligações com o CDS nas autárquicas”, enquadrou Rui Rio.
O presidente do PSD recordou que este acordo já aconteceu várias vezes no passado - em 2017, os dois partidos formalizaram mais de cem coligações -, embora apontando algumas “deficiências no plano administrativo”.
Quanto ao calendário, o líder do PSD explicou que “dentro de uma semana ou duas será feita uma proposta de acordo” e “até meio de fevereiro” este será assinado, de forma a que as estruturas locais “comecem a conversar onde quiserem com este suporte das direções nacionais”.
O líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, salientou que objetivo dos dois partidos com este acordo-quadro será formalizar alianças eleitorais “com o objetivo de disputar e ganhar o maior número de câmaras à esquerda”.
O líder do CDS-PP foi questionado se este encontro, num dia em que surgiram vozes críticas dentro do partido, é um “acordo de sobrevivência política”, mas preferiu desvalorizar, dizendo que a sede do PSD não era o “local apropriado” para tratar de questões internas dos democratas-cristãos.
“Quem telefonou para convidar para a reunião fui eu e não ele a mim”, acrescentou Rui Rio.
Os líderes do PSD e do CDS-PP não excluíram a possibilidade de apoiarem candidatos que não sejam militantes de qualquer um dos partidos, mas Rio disse que não falaram do caso de Rui Moreira no Porto.
“A partir de agora, vamos começar a dar espaço para as concelhias e distritais começarem a aprovar e propor candidatos para que, a partir de 01 de fevereiro, possamos começar a assumir candidatos”, precisou Rio.
Este foi o segundo encontro público entre Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos, à frente do CDS-PP há precisamente um ano.
O primeiro aconteceu em 13 de fevereiro e os dois líderes manifestaram então uma vontade de convergência dos dois partidos quanto às autárquicas deste ano, mas também noutras matérias, como as reformas do sistema eleitoral, da justiça ou da segurança social.
Em 2017, o PSD teve o seu pior resultado autárquico (e que levou à demissão do então presidente Pedro Passos Coelho): os sociais-democratas perderam oito câmaras em relação a 2013 e viram o PS reforçar a liderança autárquica, que passou a liderar 161 câmaras por todo o país (mais 11 que em 2013), 159 sozinho e duas em coligação.
Os sociais-democratas conseguiram há quatro anos 98 presidências de municípios (79 sozinhos e 19 em coligação), embora sem grandes variações em termos de votos e percentagens em relação a 2013, tendo somado, sozinho, 16,08% dos votos (em 2013 foram 16,70%).
Já o CDS-PP conquistou em 01 de outubro de 2017 mais uma câmara do que em 2013, ficando com seis autarquias, apesar de ter descido em número de votos (em 2013 conseguiu 152.006 votos e em 2017 apenas para 134.311).
Comentários