Em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República, o deputado único do Chega considerou “incompreensível” o acordo entre autárquico entre o PSD e CDS-PP anunciado pelos respetivos líderes, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos, respetivamente.
“Primeiro, porque procura que sejam os partidos de direita a fazer uma espécie de cordão sanitário a um partido legalizado e um partido que está no parlamento”, sustentou, acusando estas forças de “bullying político”.
Para o líder do partido de extrema-direita português, a decisão tomada por PSD e CDS “só vai prejudicar a intenção de agregar a direita e de formar uma alternativa”, mas não só.
“[Esta decisão] altera o cenário político-partidário em que estamos. Ora, se um partido como o Chega tem uma base nos Açores de apoio ao PSD, não podemos ter um outro raciocínio a funcionar aqui ou noutras eleições”, declarou, numa referência à solução governativa dos Açores que junta PPM, PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal.
Assim, o líder do Chega irá reunir “de urgência” com os deputados do partido na região autónoma, admitindo retirar consequências políticas.
“Ou há respeito por esta formação ou nós continuaremos o nosso caminho sozinhos e retiraremos daí todas as consequências a nível regional, a nível nacional e nas autárquicas em outubro a nível local”, vincou.
Questionado sobre se o acordo pode ter sido motivado pelas declarações em que Ventura disse que “não haverá governo à direita sem o Chega”, o deputado advogou que “os resultados estão à vista de toda a gente”.
Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos anunciaram na quarta-feira um acordo político para as autárquicas que exclui o Chega, sem indicarem em que municípios se irá concretizar.
“Este acordo não vai dizer que só há coligações com o CDS e com mais ninguém (…) A única questão que estamos de acordo é que não haverá com o Chega, mas tirando o Chega logo se verá”, explicou Rui Rio, salientando que “há muito” que rejeitou essa hipótese e que esta posição nada tem a ver com os resultados das presidenciais.
Questionado sobre a razão dessa exclusão do partido liderado por André Ventura, Rio respondeu: “O Chega, para ter conversas com o PSD, tem de se moderar, o Chega não se tem moderado, não há conversa nenhuma”.
Na mesma linha, também Francisco Rodrigues dos Santos disse já ter sido “perentório” ao afirmar que “não haverá coligações com o Chega, nem em autárquicas nem em legislativas”.
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