Em conferência de imprensa, Hercília Guimarães, chefe do serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ) explicou que o Salvador foi, naquela unidade, “o primeiro” bebé nascido de uma mãe em morte cerebral, ali mantida durante “56 dias” em suporte orgânico de vida, até que, durante a madrugada de hoje, “deteriorações respiratórias” da mãe levaram a antecipar a cesariana prevista para sexta-feira.
“Nasceu bem, com necessidade de apoio de suporte ventilatório, o que é normal para o tempo de gestação. Neste momento deve estar a ser extubado [retirada de suporte respiratório], porque estava a melhorar da parte ventilatória. Não existem, neste momento, quaisquer indicações de problemas relacionados com o falecimento da mãe”, observou a especialista.
Marina Moucho, obstetra, explicou que a cesariana prevista para sexta-feira foi antecipada devido a “deteriorações respiratórias e dificuldade em ventilar a mãe, que tiveram como consequência algumas alterações no bebé”.
“O bebé não estava em sofrimento, mas havia algumas alterações justificadas pela dificuldade na ventilação materna. Foi decidido terminar a gravidez. Foi considerado que seria o melhor para ele”, acrescentou.
Já a neonatologista Hercília Guimarães frisou que “não há riscos” para o Salvador “por ter nascido às 31 semanas e seis dias”.
“Temos algumas reservas devido ao problema que a mãe teve quando acabou por falecer. Será que terá havido algum problema [com o bebé] que podemos relacionar com isso? Mas, neste momento, referir isto é especular. Não temos nenhum dado que nos possa dizer que exista algum problema e que seja motivado por essa relação”, explicou a médica.
Hercília Guimarães destacou que, com 40 centímetros, Salvador nasceu com “1.700 gramas, um peso muito bom” para o tempo de gestação.
Quanto ao facto de o parto estar agendado para sexta-feira, a médica esclareceu que a previsão se devia ao cumprimento das 32 semanas de gravidez, consideradas a “barreira entre o prematuro e o moderadamente prematuro”.
A mãe de Salvador esteve em morte cerebral entre 27 de dezembro e hoje, tendo dado entrada no ‘São João’ a 01 de fevereiro, com “24 semanas e uns dias” de gravidez, e ali ficou internada nos cuidados intensivos durante 56 dias, disse hoje em conferência de imprensa o diretor clínico do hospital de São João.
O bebé prematuro nasceu hoje às 04:32 e está internado no Serviço de Neonatologia.
Praticante de canoagem, a mãe da criança, de 26 anos, teve um ataque de asma e ficou em morte cerebral quando estava com 12 semanas de gravidez.
A Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) assinalou hoje o nascimento, “recordando a carreira desportiva de Catarina Sequeira, que representou o Crestuma e o Douro Canoa Clube tendo alcançado o 15.º lugar no Mundial de 2010 e o 12.º no Europeu de 2013, na disciplina de maratona”.
“O dia de hoje é de tristeza e de alegria para toda a comunidade canoísta nacional. Obrigado Catarina e que o Salvador possa um dia desfrutar também da nossa família da canoagem”, lê-se na mensagem da FPC.
[Notícia atualizada às 15:08]
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