Tendo ao lado a sua mulher, Maria Cavaco Silva, o antigo primeiro-ministro, líder do PSD e ex-Presidente da República falava a cerca de 50 jovens de vários pontos do país, com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos, que foram envolvidos nos projetos educativos da EPIS (Empresários pela Inclusão) e que fugiram a um anterior percurso de insucesso escolar.
Depois de elogiar o trabalho desenvolvido pelo antigo ministro socialista António Vitorino, que se prepara para abandonar a presidência da EPIS por ter sido eleito na semana passada para o cargo de diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, Aníbal Cavaco Silva fez um discurso dirigido aos 50 jovens, salientando-lhes a importância da educação.
"É minha convicção profunda que a educação é o veículo fundamental para o combate à exclusão social, para a igualdade de oportunidades, para a mobilidade social e para se subir a escada da vida", disse.
Na parte final da sua intervenção e antes de fazer uma breve visita guiada às suas instalações de trabalho, no antigo Palácio do Sacramento, junto a Alcântara, em Lisboa, o ex-chefe de Estado foi um pouco mais longe, falando então sobre o seu percurso pessoal.
"Estes jovens que estão aqui têm a responsabilidade de mostrar que é possível partir de baixo e chegar lá acima. Foi o mesmo que aconteceu comigo, eu parti de baixo e lutei muito para chegar lá acima. Nada se consegue sem trabalho", frisou.
Cavaco Silva pediu aos jovens para terem a ambição de prosseguirem os estudos no Ensino Superior, universitário ou politécnico, deixando-lhes em seguida um apelo: "Convençam-se que um de vós pode chegar lá ao topo. Na vossa idade nunca pensei que chegaria a ministro das Finanças, a primeiro-ministro e jamais me passou pela cabeça que um dia podia ser Presidente da República. Um de vós pode chegar lá", acentuou Cavaco Silva.
O ex-Presidente da República completou depois que "a herança mais importante" que recebeu dos seus pais "foi a educação".
"Se cheguei onde cheguei foi por causa da opção que eles fizeram. Em lugar de preparar uma herança de propriedades, como acontecia com os vizinhos, os meus pais apostaram na educação dos seus quatro filhos", contou.
Perante este grupo de jovens, além de ter salientado o entusiasmo com que ele e a sua mulher sempre acompanharam os projetos educativos da EPIS enquanto chefe de Estado, Cavaco Silva aproveitou também para se referiu à prioridade que diz ter atribuído nos seus dois mandatos em Belém a questões relacionadas com a recuperação e preservação do património histórico de Portugal.
"A Presidência da República tem-se empenhado na recuperação do património, casos da reabilitação da Cidadela de Cascais, do Jardim da Cascata e desta parte do antigo Convento do Sacramento, cujo espaço que pertence ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas que cerca de 10% foi desanexado para ser o escritório do antigo Presidente da República", apontou Cavaco Silva.
Cavaco Silva, antes de ter promovido uma visita guiada às suas instalações, com passagens pelo gabinete de trabalho e pela da sala de reuniões, ouviu os jovens cantarem-lhe algumas músicas tradicionais portuguesas. Um rapaz alto, chamado Luisinho, ofereceu depois um ramo de flores a Maria Cavaco Silva.
"Luisinho não, tu deves é ser tratado por Luisão, porque és grande", desabafou o antigo primeiro-ministro, dando um forte abraço ao adolescente.
Já durante a visita guiada às suas instalações de trabalho, que durou cerca de 15 minutos, Cavaco Silva contou aos jovens um pouco da sua vida atual depois de abandonar a Presidência da República, dizendo-lhe que procura manter uma disciplina de horário e de esforço intelectual no seu quotidiano.
"Entrou aqui todos os dias por volta das 10:00, saio pelas 18:00. Faço todos os possíveis para que a minha mente não se torne preguiçosa", revelou.
Em seguida, elogiou a forma como o seu gabinete tem sido apoiado pelos serviços da Presidência da República: "Queixas zero", sublinhou.
A Empresários Pela Inclusão Social (EPIS) é uma associação de apoio a estudantes em risco de insucesso escolar criada em 2006, por proposta do anterior chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, atualmente presidida pelo advogado e antigo ministro António Vitorino, que inclui nos seus órgãos sociais membros de grandes empresas como a EDP e Galp.
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