Em declarações à agência Lusa, Ribeiro e Castro defende que a atual direção do partido “está legitimadíssima” e que “não se passou nada de extraordinário que justifique este ataque, a não ser premeditação”. E o objetivo era “fazer este ataque depois das presidenciais”.
Por isso, está em causa uma “crise artificialmente aberta” e “sem nenhuma justificação”, argumenta.
Na quarta-feira, num artigo de opinião publicado no jornal ‘online’ Observador, o antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes propôs a realização de um Conselho Nacional para convocar eleições antecipadas para a liderança ainda antes das eleições autárquicas, e defendeu que esta direção “não conseguirá” resolver “a crise de sobrevivência” do partido, mas não adiantou se será candidato a suceder a Francisco Rodrigues dos Santos.
Para José Ribeiro e Castro, que apoiou a candidatura de Francisco Rodrigues dos Santos à liderança do CDS-PP no congresso em que foi eleito, há precisamente um ano, “é muito lamentável que haja pessoas que não aceitam o cumprimento dos mandatos”.
O ex-líder defende que “o normal e desejável é que os órgãos do partido se mantenham em funções até 2022″.
Ressalvando que as “pessoas têm legitimidade para ter as suas ambições”, advogou que “têm de as exercer democraticamente, e não estar sistematicamente a fazer oposição e a desgastar” o partido, pois isso “é muito negativo para a capacidade de afirmação do CDS”.
“As pessoas veem o partido todo partido, um saco de gatos”, alerta Ribeiro e Castro, sublinhando que “o ruído permanente” provocado pelos críticos “prejudica a transmissão da mensagem do CDS-PP e perturba quem está a exercer funções, que tem de estar sempre a olhar por cima do ombro”.
Apesar de observar que “há problemas na comunicação” do CDS-PP, e que em “algumas áreas” a prestação da direção pode ser melhorada, o antigo presidente do CDS advoga que o “grande tombo” foi o resultado eleitoral nas legislativas de 2019 (4,22% dos votos), que deixou o grupo parlamentar reduzido a cinco deputados. Nessa altura, Assunção Cristas liderava o CDS e o então vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes coordenava o programa eleitoral.
Sobre a realização de um congresso eletivo, como propôs Adolfo Mesquita Nunes, o antigo deputado argumenta: “não se percebe qual é a ideia de convocar o congresso quando não pode haver congresso nenhum devido à situação sanitária”. E antecipa dificuldades para que a reunião magna decorra ‘online’.
Agora, defende o antigo líder, “era bom repor a estabilidade dos órgãos e reforçá-los do ponto de vista de pessoas que tenham história própria e capacidade de comunicar”, afirmando também que é tempo de “focar nas eleições autárquicas”, que são “uma das condições para inverter o ciclo de 2019″.
Entre quinta-feira e sexta-feira, vários membros do grupo Juntos pelo Futuro (cuja moção conseguiu 14,45% dos votos no último congresso) demitiram-se das funções que ocupavam na direção, entre os quais o vice-presidente Filipe Lobo d’Ávila, que argumentou não ser “possível assobiar para o lado” face à situação que o partido atravessa.
Na reunião da comissão política que terminou na madrugada de sexta-feira, o líder do CDS-PP anunciou que irá convocar um Conselho Nacional (órgão máximo entre congressos) mas não adiantou se a convocação de um congresso e de eleições antecipadas constará na ordem de trabalhos, segundo contaram à Lusa fontes que estiveram presentes na reunião.
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