“O processo de reprogramação operacional vai incluir uma alteração ao FTJ, que tem a ver com o caminho que já fizemos, ao nível de apoiar projetos empresariais, e da identificação de novas oportunidades que nos parecem relevantes para este território, como seja apoiar a concretização da Zona Livre Tecnológica (ZLT) e, noutra dimensão, e que o território (do Médio Tejo) considera muito relevante, que é apoiar a criação da nova ESTA”, disse hoje aos jornalistas, em Abrantes, Jorge Brandão, do conselho diretivo do Centro 2030.

O objetivo destes investimentos é “mitigar os efeitos sociais e económicos decorrentes do fecho da produção de energia a carvão” na Central do Pego, em Abrantes (Santarém), em 2021, com o Programa Centro 2030 a dispor de 65 ME do FTJ para “reforçar o tecido produtivo do Médio Tejo e promover a diversificação económica” do território, “fragilizado pelo encerramento da Central e pela consequente perda de empregos e de atividade”, lembrou.

O anúncio sobre a futura ESTA vai ao encontro das pretensões do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) e da Câmara de Abrantes que apresentaram uma candidatura conjunta para, através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) esta submeter à CE e ao FTJ o projeto de requalificação da ESTA, num investimento previsto de 8 milhões de euros.

A proposta visa agregar todas as valências da ESTA, que atualmente se encontram dispersas em vários edifícios no centro da cidade, no TagusValley – Parque de Ciência e Tecnologia de Abrantes, num projeto que quer “reabilitar e juntar espaços que estão disponíveis para formação profissional”, indicou o presidente do Instituto Politécnico de Tomar, João Coroado.

O IPT e a autarquia visam assim dotar “a sub-região do Médio Tejo de instalações adequadas e cursos superiores que possibilitem formação especializada através de capacitação destes ex-ativos [da central do Pego] para novas atividades e ajudem a captar, fixar pessoas e a criar emprego”, indicou o presidente do IPT.

O presidente da Câmara de Abrantes, por sua vez, disse hoje que “o encerramento da Central Termoelétrica a carvão deixou um rasto de perda significativa na economia” local e regional, que estimou em “muitos milhões de euros”, tendo defendido que “uma das formas de mitigar os prejuízos para toda a região será, seguramente, através do ensino superior, da capacitação de pessoas, do conhecimento, da ciência e da tecnologia”.

Nesse sentido, Manuel Jorge Valamatos, que também preside à Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, disse que é “uma excelente oportunidade aproveitar o FTJ, um fundo europeu que pretende mitigar o impacto do encerramento da central”, para submeter a candidatura da nova ESTA.

“O Fundo de Transição Justa esteve muito focado, numa fase inicial, para as empresas (…), mas nós também entendemos que o impacto maior do encerramento da central foi precisamente aqui no nosso concelho, em Abrantes, e olhamos para isto como uma excelente oportunidade do FTJ deixar em Abrantes essa marca de um fundo que se destinou a minimizar os impactos do encerramento da central, em termos da economia, e seguramente marcaria muito a diferença e daria muita justiça a todo este processo”, defendeu.

Jorge Brandão, da Autoridade de Gestão da Centro 2030, lembrou que o encerramento da central termoelétrica a carvão do Pego implicou a perda de 420 postos de trabalho, diretos e indiretos, com efeitos negativos na cadeia de valor e um impacto significativo nas atividades económicas locais, e que a dotação de 65 ME do FTJ decorre deste facto, estando o processo a evoluir "como planeado”.

“O primeiro aviso tem já cativos 25 ME para apoios ao investimento a sete empresas do Médio Tejo, no âmbito do FTJ, projetos aprovados e já em execução e que vão criar 209 postos de trabalho, e um segundo aviso está em fase final de avaliação de nove candidaturas, correspondendo a apoios de cerca de 26 ME, sendo destinados a grandes empresas”, declarou.

Nesse sentido, contabilizou, “com um total de cerca de 50 ME para apoios a projetos empresariais”, há ainda “uma fatia do FTJ” que “é possível utilizar noutras dimensões e que integram as nossas propostas à Comissão Europeia, como a ZLT, a ESTA, a mobilidade sustentável e projetos de microempreendedorismo”, concluiu.