De acordo com o especialista, da Universidade de Aveiro, com essa política nacional ainda é possível “inverter uma dinâmica muito antiga e que tem muita força”, um “processo com dezenas e dezenas de anos”, muito relacionado com a emigração, que levou principalmente a população jovem ativa.
O problema é “muito grave, com défices estruturais que mudam muito lentamente”, mas “neste momento há sinais de que o Governo e as forças políticas querem mudar” a situação, afirmou à Lusa, salientando esperar que esta vontade se mantenha nos governos que vierem, sejam eles quais forem, “porque isto não é coisa para meia dúzia de anos”.
Para Eduardo Anselmo de Castro, falar de incentivos à natalidade não chega, porque as crianças que nasçam agora só resolverão o problema daqui a mais de 20 anos.
Também não é suficiente dar incentivos fiscais a empresas, porque a deslocação destas para territórios de baixa densidade exige a deslocação de jovens que possam trabalhar.
“As políticas – algumas que estão a haver nalguns sítios e com sucesso – são aquelas que atraem empresas, pessoas e serviços para as pessoas ao mesmo tempo. Ou é tudo ao mesmo tempo ou não funciona. Caso contrário, atrai pessoas para sítios onde não há emprego e empregos para sítios onde não há pessoas. E isso não funciona”, considerou.
O problema, no seu entender, “é que quem tem iniciativa de pôr lá uma empresa não tem poder para trazer as pessoas e quem tem poder para trazer as pessoas não são as empresas”.
“Ou há uma política de conjugação disto tudo ou isto não tem hipótese”, reforçou.
Até que os incentivos de natalidade atuais resultem em população ativa, a solução passa, segundo Anselmo de Castro, pela imigração.
“Quando eu digo trazer as pessoas, é imigração, não há outra solução. Para os próximos 20 anos não se arranja ativos aumentando a natalidade. […] A não ser que tenham políticas de atração de imigrantes com força, não será possível sequer manter a atividade económica que existe neste momento no interior”, defendeu, salientando que até poderia ser uma “imigração interna”, mas o problema de escassez de pessoas vai verificar-se no país todo, mesmo nas áreas mais dinâmicas.
O professor universitário defendeu ainda que estas políticas de atração não podem ser vistas ao nível do concelho, mas como um todo nacional integrado.
“Ou se faz uma política nacional integrada ou não se faz”, sublinhou, salientando, contudo, que existem “alguns exemplos raros” de concelhos que, de forma isolada, estão a desenvolver com sucesso políticas de atração de pessoas, como o Fundão ou Proença-a-Nova.
“Passar de um Fundão para 200 ‘Fundões’ – esse é que é o exercício”, realçou.
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