No final de um longo debate, na quarta-feira, marcado pelo escândalo a envolver Dina Boluarte, o Congresso peruano aprovou, com 70 votos a favor, 38 contra e 17 abstenções, a moção, um passo obrigatório para qualquer novo primeiro-ministro.
Adrianzén, um advogado de centro-direita, de 57 anos, tomou posse no início de março, na sequência da demissão de Alberto Otarola, alvo de uma investigação por tráfico de influência.
Este é o terceiro Governo peruano em 16 meses.
Os deputados de esquerda votaram contra a moção, criticando Adrianzén pelo prolongado silêncio sobre o caso de possíveis crimes de enriquecimento ilícito e falta de declaração dos bens de luxo usados por Boluarte.
“Como se pode pedir confiança se a Presidente não consegue explicar a origem dos relógios e dos bens valiosos?”, disse Edgar Mercado, do partido Mudança Democrática Progressista — Juntos para o Peru.
O deputado Jaime Quito, do partido marxista Peru Livre, descreveu o atual Governo como “o da desconfiança, da morte e dos Rolex”, referindo-se às dezenas de mortes de manifestantes em protestos antigovernamentais entre o final de 2022 e início de 2023.
O Peru Livre, antigo partido de Boluarte, apresentou na segunda-feira uma de duas moções para a destituição da Presidente peruana por “incapacidade moral permanente”, com a assinatura de 26 deputados dos 130 que compõem o Congresso.
Para destituir Boluarte, são necessários 87 votos e, até agora, cinco partidos, que representam 57 votos, já se comprometeram-se a apoiar a Presidente.
A deputada Margot Palacios, também do Peru Livre, lembrou que, numa audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Adrianzén acusou os manifestantes de serem violentos e responsáveis pelas mortes ocorridas durante os protestos.
A Presidente do Peru anunciou na segunda-feira uma remodelação do Governo, com a troca de seis ministros, incluindo o responsável pelo Interior, que tem a tutela das forças de segurança.
Na madrugada de sábado, a polícia peruana realizou buscas na casa e no gabinete de Boluarte, assim como na residência presidencial e no Palácio do Governo.
O escândalo dos relógios de luxo surgiu depois de um ‘site’ de notícias local, La Encerrona, ter publicado uma série de fotos, em 15 de março, nas quais Boluarte usava diferentes relógios, em diferentes momentos, enquanto esteve no Governo, em 2021 e 2022.
Depois da reportagem, Dina Boluarte garantiu que só possuía um relógio antigo, comprado com poupanças.
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