Os representantes dos três partidos foram recebidos pelos manifestantes concentrados hoje junto à escadaria do parlamento, no dia em que começa o debate orçamental, e admitiram negociar propostas que juntem os partidos da oposição para responderem às reivindicações dos técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
O PCP, que também esteve reunido com os manifestantes, disse que vai incluir os aumentos pedidos pelos técnicos no seu pacote de propostas no debate da especialidade do orçamento, prometendo lutar pelas suas iniciativas.
O deputado do Chega Rui Cristina, coordenador do partido na Comissão de Saúde, considerou “inadmissível” o baixo salário dos técnicos e referiu que o grupo parlamentar vai apresentar ainda esta semana uma proposta para valorizar as carreiras dos TEPH.
“Como é que podemos atrair profissionais pagando-lhes tão pouco e não tendo uma progressão da carreira como deveria ser? Este governo entrou em funções há nove meses, mas as desculpas estão a acabar-se”, disse o deputado.
Sobre a possibilidade de uma articulação, Rui Cristina disse que o Chega está disponível para uma plataforma de entendimento: “no grupo parlamentar do Chega, olhamos sempre para as propostas e não olhamos para de que partido elas provêm, o que nos importa é que as propostas venham ao encontro do que queremos executar”.
Mário Amorim Lopes, da Iniciativa Liberal, considerou “mais do que legitimas e mais do que justas” as reivindicações dos técnicos do INEM, salientando que o “Estado não pode ser uma bolsa de emprego onde todos podem trabalhar, mas aqueles que trabalham no Estado têm de ter condições justas e uma remuneração que valorize e dignifique aquilo que eles fazem”.
“Estes técnicos de emergência pré-hospitalar recebem pouco mais do que um salário mínimo para um trabalho muito difícil, árduo e muitas vezes sem horário” e “são os homens e as mulheres que se atravessam por nós quando nós verdadeiramente precisamos”, recordou o deputado da IL, que admitiu avançar uma proposta própria ou acompanhar iniciativas de outros.
“Se há coisa que a IL faz é não ser sectária e conversaremos com todos e devemos sempre trabalhar em conjunto”, até porque “este tema, em particular, deve-nos convocar a todos, não há aqui uma divisão ideológica”, disse.
Paulo Muacho, do Livre, reconheceu a “justeza da luta” e admitiu que é um problema que se arrasta há vários governos, mas que “não depende diretamente do Orçamento do Estado e basta apenas uma autorização da ministra para que se possam rever estas carreiras”.
"Vamos apresentar medidas em sede de especialidade no orçamento de estado e esperamos que os partidos acompanhem, até porque há aqui vários partidos que estão aqui presentes e é preciso que haja consequências dessa solidariedade que se manifesta”, afirmou Muacho.
“Há espaço certamente para a aprovação dessas propostas, o Livre está disponível para aprovar propostas de outros partidos e certamente os outros partidos estão disponíveis para aprovar propostas do Livre”, resumiu, recordando que o “governo não tem maioria absoluta no Parlamento”.
Do PCP, a líder parlamentar Paula Santos considerou que “são questões que urgem, porque são trabalhadores fundamentais para o socorro à população” e que existem “meios de socorros indisponíveis” por falta de quadros.
“A falta de técnicos é gritante. Se não forem assegurados estes meios, é o socorro à população que fica em causa”, adiantou.
“O Governo sobre esta matéria ainda não disse nada”, criticou Paula Santos, salientando que o PCP vai incluir o tema no pacote de propostas para a discussão na especialidade.
“Já avançámos e tornámos públicas um conjunto de propostas que iremos apresentar, cabe naturalmente aos outros partidos posicionar-se” sobre as iniciativas do PCP, mas “não deixaremos de intervir e nos bater por elas porque consideramos que elas são necessárias para resolver os problemas das vidas das pessoas”, afirmou.
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