“A especialidade é muito importante e, portanto, devemos ter sensatez. O apelo que fazemos é à responsabilidade de todos para não descaracterizarmos este orçamento e darmos um orçamento que valorize os portugueses”, apelou Hugo Carneiro.

O social-democrata falava no segundo dia do debate na generalidade da proposta de OE2025, no parlamento, depois de esta manhã a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, ter recusado passar “cheques em branco” na fase da especialidade.

Apesar de saudar o PS por ter tomado a decisão de se abster, viabilizando desta forma a proposta orçamental, Hugo Carneiro deixou críticas a todos os partidos, afirmando que a oposição não apresenta “nenhum argumento válido” para se opor ao documento.

Hugo Carneiro afirmou que este orçamento “baixa impostos”, nomeadamente o IRC “que vai beneficiar mais as pequenas e médias empresas” e o IRS, e também tem medidas que visam fixar jovens no país, criticando o PS por ter “amarrado os jovens a ganharem mil euros por mês”.

“O PS não reformou o país nem quando tinha maioria: na justiça, na agricultura, foi incapaz de executar o PRR, degradou os serviços públicos. E, portanto, como é que o PS pode ser contra este orçamento? Não pode”, argumentou.

Hugo Carneiro criticou o PS por “rasgar as vestes com a questão da margem orçamental” mas ao mesmo tempo ter aprovado “a isenção das portagens ou a redução do IVA sem se preocupar” com o seu impacto.

Contudo, apesar destas críticas, o social-democrata distinguiu os socialistas, que “pensaram no país e não no seu interesse partidário” de outros partidos.

“O Chega é o menino birrento que quer ser maior do que o PS e porque não o é, berra a ver se as pessoas acreditam”, acusou Hugo Carneiro, que criticou o partido liderado por André Ventura e a IL de terem anunciado que tencionam apresentar propostas na especialidade da própria Aliança Democrática (coligação PSD/CDS) “que devem ser executadas ao longo de quatro anos” e não apenas no próximo ano.

Hugo Carneiro avisou os liberais que “vão sempre a tempo de recuar” no sentido de voto contra e prosseguiu com as críticas à oposição, acusando PS e BE de terem ido “buscar à gaveta o discurso do ano passado” e “ignorarem a concertação social”.

O Livre, de acordo com o deputado, “anda perdido e tem saudades do PS quando era governo” e o PAN “ignora que o orçamento também valoriza a causa animal”.

De seguida, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, caracterizou o orçamento como “frágil, frouxo e fofinho”.

“Frágil porque poderia ser estável caso não existisse a teimosia de um primeiro-ministro que não quis ver os resultados eleitorais do dia 10 de março. Frouxo porque não faz as reformas estruturais do país. Fofinho porque mantém a história da ideologia de género onde são plasmados 400 milhões e euros e continua a fazer fretes à extrema-esquerda e ao PS”, acusou.

Na ótica de Pedro Pinto o orçamento “falha” com as forças de segurança, os bombeiros, “esquece o interior”, e “com superavit poderia aumentar mais as pensões” mas o Governo “prefere guardar o dinheiro na gaveta”.

Momentos antes, o deputado do Livre Paulo Muacho considerou que o orçamento da saúde “é de meter medo ao susto”, afirmando que não contem medidas para reforçar o SNS, e a deputada Patrícia Gilvaz, da IL, pediu “uma estratégia para reformar a educação em Portugal”.

O deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro criticou o “peso excessivo de currículos e horários” nas escolas, o que “mata a vida social” dos alunos.