Os muçulmanos formam o segundo maior grupo religioso, com 1,8 mil milhões de pessoas, ou cerca de 24% do total.
De momento, encontram-se a celebrar o Ramadão, que deriva do árabe 'ramida' e significa calor severo, terra queimada, falta de provisões. Em sentido figurado, esta queima da terra também pode significar a 'queima' dos pecados.
O calendário islâmico, inteiramente lunar, pode ter 354 ou 355 dias, com 12 meses de 29 ou 30 dias intercalados. O Ramadão é o nono mês do calendário e é nele que os muçulmanos dão especial destaque ao jejum: abstém-se de comida, bebida, tabaco e relações sexuais desde antes da alvorada até ao pôr-do-sol. Através deste sacrifício, os crentes têm uma disciplina de autocontrolo e refugiam-se dos desejos mais mundanos, conseguindo uma aproximação a Deus.
O jejum está associado, é um dos pilares do Islão e é obrigatório. Todos os muçulmanos adultos e saudáveis devem fazê-lo, com exceção para os idosos, doentes, crianças e mulheres grávidas, a amamentar ou no período da menstruação.
Este ano, o Ramadão é de 26 de maio a 24 de junho.
No mês do Ramadão, defende o imã da Mesquita de Lisboa, xeque David Munir, os líderes religiosos têm de transmitir uma mensagem de paz e de tolerância, de condenar de forma veemente os atos feitos por alguns em nome do Islão.
Foi isto que fez uma multinacional, num anúncio que se tornou viral.
Um anúncio no Ramadão para criticar o terrorismo
A Zain Telecom, uma multinacional do Kuwait, lançou um vídeo que pretende deixar uma mensagem contra o terrorismo. No vídeo, ao mesmo tempo em que é passada uma mensagem de tolerância, é apresentada uma forte crítica ao jihadismo.
Ao som da voz de uma criança, começa o alerta. "Vou dizer tudo a Alá. Vou dizer que encheram os cemitérios com os as nossas crianças e que esvaziaram as secretárias das nossas escolas. Vocês desencadearam a agitação e trouxeram a escuridão para as nossas ruas. E que mentiram. Deus conhece totalmente os segredos de todos os corações."
Enquanto isto, imagens de um homem a fabricar um explosivo são intercaladas com momentos do quotidiano de pessoas comuns: crianças brincam, sorriem, noivos preparam-se para o casamento.
A ação desenrola-se quando o homem entra num autocarro para se fazer explodir, dizendo "Eu testemunho que não existe Deus algum a não ser Alá". Mas não é um autocarro qualquer: ali estão vítimas de anteriores ataques terroristas, como é o caso de Omran, o menino da ambulância de Alepo.
Com o decorrer do vídeo, são várias as pessoas que se vão cruzando com o potencial terrorista armadilhado. Todas elas utilizam as mesmas palavras: Allahu Akbar, que significa 'Deus é grande'. Esta é, no fundo, uma forma de mostrar ao homem que aquela não é a vontade de Alá.
Imagens de muçulmanos a rezar em mesquitas e de cenários reais de terrorismo são o pretexto para que o cantor Hussain Al Jassmi deixe a mensagem central de todo o vídeo, enquanto dá a mão ao terrorista: "Louva o teu Deus com amor e não com terror, enfrenta o teu inimigo com a paz e não com a guerra. Convence os outros pela clemência, não pela força".
No final, a Zain Telecom deixa ainda uma mensagem que condensa todo o vídeo: "Vamos contra-atacar o ódio com canções de amor. A partir deste momento e até atingir a felicidade".
O vídeo já tem mais de 3 milhões de visualizações no YouTube e tem sido bastante partilhado nas redes sociais, pretendendo transmitir uma mensagem de possível mudança no mundo muçulmano, aproveitado os valores do Ramadão para combater o extremismo.
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