O concurso lançado pela Câmara de Oeiras, no distrito de Lisboa,"pôs os jovens a pensar nestas questões ambientais, mas de uma forma contextualizada e com informação e, portanto, pô-los também connosco a tomar decisões", disse à agência Lusa a vereadora do Desenvolvimento Sustentável, Alterações Climáticas e Economia Circular na Câmara de Oeiras, Ana Filipa Fonseca (PS).
Em conjunto com a United Nations Association Portugal, a autarquia desafiou os alunos das escolas do concelho "a simularem uma COP, desde a organização, a contactos com as embaixadas dos países para saber as suas posições, reuniões negociais, plenário, resoluções, comunicação e dinamização de redes sociais".
Em resposta "150 jovens de todas as escolas do concelho, públicas e privadas, envolveram-se nesta iniciativa e, de facto, eles surpreenderam de uma forma maravilhosa".
Um júri avaliou o desempenho dos alunos, que concorreram em duplas, e sagrou vencedores Matias Fareleira e Tomás Pereira, ambos de 17 anos, alunos do 12.º ano na Escola Secundária de Miraflores, que na COP simulada representaram o Japão.
"A professora de Economia apresentou o projeto, apresentou esta ideia que podia ser muito benéfica" e admitindo ter "preocupações que se direcionam para muitos destes temas", os dois amigos resolveram participar, contou Matias à agência Lusa.
"Vimos as cheias em Valência, vemos desastres naturais que começam a preocupar-nos e não nos deixam indiferentes", disse ainda, considerando tratar-se de "uma perspetiva diferente para aprender e conhecer mais", neste caso sobre o Japão, cujas posições defenderam junto dos colegas representes de outros países.
Convicto de que esta geração "está muito mais desperta do que as anteriores para as alterações climáticas", Tomás Pereira associa essa consciência ao fato de terem "crescido com os efeitos das mesmas a serem sentidos praticamente todo os dias, com as temperaturas cada vez mais a aumentar".
O facto de habitarem "numa zona que é propensa as cheias", influenciou também Tomás, que recorda ter havido "há quatro anos, uma cheia quase devastadora em Algés, em que a água alcançou cerca de 1,7 metros", e que, "pode ser considerada uma mini catástrofe natural".
Apesar de ambos admitiram nunca ter equacionado ganhar o concurso, os dois jovens chegaram hoje à COP29, onde participam no sábado numa palestra no Pavilhão de Portugal e esperam "poder assistir ao plenário".
Mas ainda que tal não venha a acontecer, "a experiência já está a ser incrível" para Tomás, que pela primeira vez saiu do país sem a companhia dos pais, e para Matias, que "já tinha estado em Bruxelas, mas nunca numa iniciativa desta dimensão".
Se o "bichinho" das questões ambientais se mantiver, "talvez no futuro possa estar numa COP como participante ativo", disse Matias”, frisando: “Quem sabe de novo com Tomás, para quem "seria um orgulho representar Portugal".
Por parte da Câmara ficou a garantia de que "a experiência é para repetir nos próximos anos e levar outros alunos a outras COP" para que os jovens entendam que "muitas vezes não é fácil chegar a um consenso e que para isso tem que haver muitas negociações", concluiu a vereadora.
A 29.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29) decorre em Baku, no Azerbaijão, até ao dia 22 de novembro.
Dina Aleixo, enviada da agência Lusa
A Lusa viajou para Baku a convite do Comité das Regiões Europeu
Comentários