Segundo o boletim epidemiológico deste sábado, Portugal regista agora 1.396 mortes por causa da covid-19, num total de 32.203 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus.
O número de recuperados subiu também, para os 19.186.
Estão internadas 514 pessoas, 63 das quais em unidades de cuidados intensivos.
A região de Lisboa e Vale do Tejo regista agora 10.874 casos de 354 óbitos.
A ministra da Saúde disse que se verifica ainda "um crescimento" em Lisboa, sobretudo na Amadora, Loures, Lisboa, Odivelas e Sintra.
Porém, "estes números não se distribuem simetricamente" pela região de Lisboa, destaca Marta Temido.
"Torna-se essencial a adoção de medidas específicas de saúde pública", anunciou.
Nos concelhos mais afetados da Área Metropolitana de Lisboa, vão ser reforçados os rastreios nos setores de trabalho onde está a haver mais problemas nesta altura.
O reforço da vigilância epidemiológica em atividades com elevado número de focos de infeção, como obras de construção civil e trabalho temporário, foi uma das conclusões anunciadas na sexta-feira no final do Conselho de Ministros pelo primeiro-ministro, António Costa.
As forças de segurança vão também garantir o confinamento das pessoas a ele sujeitas. Estando as autoridades a procurar locais de confinamento alternativos para quem não tiver condições, explicou também a ministra.
As alternativas domiciliárias já aconteceram nos lares, por exemplo. "Aquilo que estamos a considerar é uma atuação conjunta entre Saúde, Segurança Social e outras entidades", explicou. "Será uma questão de haver o encaminhamento".
O Governo, em articulação com diversas entidades, designadamente os municípios, vai identificar locais alternativos "para o confinamento domiciliário quando se comprove que as condições de habitabilidade" não reúnem os critérios para o isolamento, afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, durante a conferência de imprensa diária de balanço sobre a pandemia em Portugal.
Esta é uma das medidas da estratégia de contenção de casos na região de Lisboa, que tem representado, nos últimos oito dias, 85% dos novos casos de covid-19 registados no país, explicou.
Em resposta à agência Lusa, a ministra aclarou que a solução está a ser preparada, tal como já foi usada no passado para utentes de lares, a partir da rede de Pousadas da Juventude e da colaboração de outros parceiros.
"O que estamos a considerar é uma atuação conjunta, entre Saúde, Segurança Social e outras entidades, no sentido de também aqui em Lisboa essas estruturas poderem ser direcionadas para esta população-alvo", acrescentou.
A criação de um plano de realojamento de emergência para as pessoas que vivam em habitações precárias e sobrelotadas foi anunciada pelo Governo na sexta-feira, após o Conselho de Ministros, que aprovou medidas para a terceira fase de desconfinamento no âmbito da covid-19.
A estratégia de contenção focada na região de Lisboa prevê também o rastreio de infeção pelo novo coronavírus "focado nas atividades em que se têm verificado maior incidência e surtos da doença", nomeadamente nas áreas ligadas à construção civil, cadeias de abastecimento, transporte e distribuição, setores caracterizados por uma "grande rotatividade dos trabalhadores" e recurso ao trabalho temporário, afirmou Marta Temido.
Segundo a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, também presente na conferência de imprensa, já foram identificados cerca de 140 casos positivos na construção civil, tratando-se de um número provisório que será atualizado com o reforço dos testes neste setor.
De acordo com a ministra, no âmbito desta estratégia, vai também ser assegurada a testagem de todas as pessoas que tenham "determinada vigilância" por parte das autoridades de saúde.
A determinação do confinamento obrigatório dessas pessoas e a garantia deque o mesmo se realiza pelas forças de segurança são outras das medidas da estratégia, que prevê ainda um acompanhamento clínico diário, referiu.
"Se estiverem com sintomas, se estiverem doentes: por favor, não vão trabalhar", apela Marta Temido.
Questionada sobre os equipamentos de proteção, como máscaras ou luvas, a ministra diz que o trabalho de sensibilização está a ser feito com várias entidades, locais, do governo e da sociedade civil.
"O último reduto da infeção precisa sobretudo de intervenção no terreno. De pouco vale decretar mais medidas", disse Marta Temido, repetindo os pedidos para o distanciamento social.
À imprensa, o presidente da câmara municipal de Lisboa disse já que considera "adequadas e proporcionais" as medidas para a Área Metropolitana de Lisboa.
Alguns dos casos foram detetados na área de influência do Hospital Beatriz Ângelo, que sexta-feira tinha ocupadas nove das 10 camas em Unidades de Cuidados Intensivos para a covid-19.
Esta unidade de saúde dispõe de 58 camas para tratamento de doentes infetados pelo novo coronavírus.
Segundo Marta Temido, na sexta-feira “a situação terá começado a registar alguma estabilização ou algum decréscimo”.
A ministra da Saúde, que antes desta conferência de imprensa conversou com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) sobre o assunto, afirmou que outros hospitais da região de Lisboa “estão preparados” para ajudar o Beatriz Ângelo a responder à procura, “se necessário”.
"As pessoas podem frequentar esplanadas, têm é de cumprir as regras", lembrou, por sua vez, Graça Freitas. "O nosso objetivo é quebrar cadeias de transmissão, que mais tarde ou mais cedo atingem pessoas vulneráveis."
"Isto depende do comportamento das pessoas".
Emigrantes só correm riscos se não cumprirem regras básicas
“Não é pela circunstância das pessoas trabalharem num outro país e virem visitar os seus [em Portugal] que há um risco específico”, disse Marta Temido durante a conferência de imprensa diária sobre a evolução da covid-19.
E acrescentou: “O risco específico decorre do incumprimento das regras básicas, do distanciamento físico - que eu compreendo que seja mais difícil de manter quando nós não vemos os nossos há longo tempo – e das medidas básicas de utilização de equipamento de proteção individual, lavagem das mãos e não partilha de objetos”.
A governante manifestou-se convicta de que os emigrantes “entrarão no país cumprindo as regras que é preciso cumprir em qualquer sítio do mundo”. serão muito bem-vindas.
Mas ressalvou que a sua equipa está a “aferir, a cada momento, a possibilidade de fazer, uma vez mais, campanhas de informação, mas para reforço genérico das mensagens”.
A comunidade portuguesa em vários países europeus planeia passar as férias de verão em Portugal, depois dos planos de visitar o país na Páscoa não se ter concretizado devido ao estado de emergência em resposta à pandemia de covid-19.
A agência Lusa contactou conselheiros das comunidades na Alemanha, França e Suíça, tendo de todos obtido a garantia que é propósito destes emigrantes visitar a família e os amigos em Portugal.
A grande dúvida é o transporte e percurso a realizar, uma vez que estando aberto o espaço aéreo europeu, as companhias aéreas só agora começam a retomar alguns voos.
Mas mesmo que as ligações comecem a ser mais frequentes, os emigrantes nestes países mostraram-se mais inclinados para realizarem esta viagem de carro, atravessando assim as fronteiras terrestres.
Em comparação com os dados de sexta-feira, em que se registavam 1.383 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de quase 1% (0,9%).
Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (32.203), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 257 casos do que na sexta-feira, o que representa um aumento de 0,8% em relação ao dia anterior.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de mortos (773), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (354), do Centro (238), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 708 vítimas mortais são mulheres e 688 são homens.
O sintoma mais comum continua a ser a tosse, seguida da febre. Sublinhe-se, no entanto, que há relatos de várias pessoas que passam pela doença sem desenvolver sintomas.
O Governo aprovou sexta-feira novas medidas para entrarem em vigor em 01 junho, com destaque para a abertura dos centros comerciais (à exceção da Área Metropolitana de Lisboa, que continuarão encerrados até, pelo menos, 04 de junho), dos ginásios ou das salas de espetáculos.
Estas medidas juntam-se às que entraram em vigor no dia 18 de maio, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.
O boletim ao detalhe
Das mortes registadas, 936 tinham mais de 80 anos, 273 tinham entre os 70 e os 79 anos, 125 tinham entre os 60 e 69 anos, 45 entre 50 e 59, 15 entre os 40 e os 49. Um dos doentes que morreu tinha entre os 30 e os 39 anos e outro entre 20 e 29 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 514 doentes estão internados em hospitais, menos 15 do que na sexta-feira (-2,8%), e 63 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, menos três do que no dia anterior.
A recuperar em casa estão 11.104 pessoas.
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.365), seguido por Vila Nova de Gaia (1.558), Porto (1.354), Matosinhos (1.277), Braga (1.225) e Gondomar (1.083).
Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 323.663 casos suspeitos, dos quais 2.134 aguardam resultado dos testes.
Há 289.326 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 19.189 (mais 275 do que na sexta-feira).
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.739, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 10.874, da região Centro, com 3.739, do Algarve (367) e do Alentejo (259).
Os Açores registam 135 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A DGS regista também 28.183 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 18.488 são mulheres e 13.715 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.410), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.323) e das pessoas com idades entre os 30 e 39 anos (4.857).
Há ainda 4.529 doentes acima dos 80 anos, 4.234 entre os 20 e os 29 anos, 3.524 entre os 60 e 69 anos e 2.591 com idades entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 654 casos de crianças até aos nove anos e 1.081 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 91% dos casos confirmados.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 362 mil mortos e infetou mais de 5,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,4 milhões de doentes foram considerados curados.
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