Numa conferência de imprensa, esta sexta-feira, no Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto, a equipa médica que acompanhou a grávida infetada com o novo coronavírus, que ali deu à luz no início desta semana, explicou que a mulher já está em casa, em vigilância, não tendo ainda recuperado da Covid-19. Já a menina, apesar de estar bem, continua a ser observada no hospital, uma vez que há vários casos de infeção em casa.
"Nesta fase de internamento foi promovido o contacto, dentro do possível, entre a mãe e o bebé de forma a minimizar as questões relacionadas com a vinculação. O recém-nascido está clinicamente bem (…). Foi opção do hospital que o bebé ficasse à guarda do hospital em sítio seguro", disse, esta manhã, em conferência de imprensa, o neonatologista do Hospital de São João Henrique Soares.
Questionado sobre se a criança necessita de cuidados especiais como permanecer numa incubadora, o médico sintetizou: "O bebé está bem. Está no hospital. É um caso negativo [à Covid-19]".
A mulher deu entrada na segunda-feira, em trabalho de parto, estando sinalizada também como caso suspeito, tendo ficado num quarto de isolamento no São João. Era um caso suspeito porque havia familiares positivos, tendo feito posteriormente o teste, que confirmou a infeção pelo SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19.
O parto da menina decorreu normalmente, tendo a criança nascido com 3,240 quilogramas. A mãe já saiu do hospital, podendo estar em contacto com o bebé apenas se estiver isolada, explicou a equipa médica. A criança ficou, assim, à guarda do hospital.
"Foi cumprido o protocolo de isolamento e correu tudo bem. A mãe já teve alta e está em casa sob vigilância. Apresenta muitos poucos sintomas, apenas tosse seca", disse a diretora de obstetrícia.
O São João estabeleceu circuitos próprios para as grávidas que estejam infetadas ou com suspeitas de infeção pelo novo coronavírus, explica Henrique Soares, sublinhando que "existe, no geral, um risco bastante diminuto de transmissão do vírus da grávida para o bebé. Estamos a falar de uma baixa probabilidade de infeção a este nível".
Marina Moucho explicou que a mãe "ficou num quarto de isolamento", quando chegou ao São João. "O circuito estava preparado para a eventualidade de aparecerem casos destes. Confirmou-se positivo para a doença Covid-19 e o bebé nasceu naturalmente (…). A mãe pode estar em contacto com o bebé desde que protegida com máscara e luvas e tiver um cuidado especial", disse a clínica.
No entanto, em resposta à pergunta sobre se o pai da criança pode visitar a filha no Hospital São João, o médico Henrique Soares apontou que, "neste momento, como se trata de uma família em teoria positiva, não está a ser promovido esse contacto". "Estamos a seguir o que está recomendado internacionalmente para esta situação", referiu o neonatologista.
Já a mãe, segundo Marina Moucho, está a ser recomendada a que mantenha a estimulação do leite através de uma bomba para o efeito.
"Neste momento não temos dados suficientes para dizer se a amamentação é segura, por isso o que preconizamos é que a mãe continue a estimular o leite com a bomba e quando estiver negativa pode dar de mamar sem problemas", explicou.
Marina Moucho, diretora de obstetrícia, afirma a que, ao contrário do que acontece, por exemplo, com a Gripe A, as grávidas não são um grupo de risco para a Covid-19. O São João tem mais grávidas infetadas, mas a médica não revela quantas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, foi detetado em dezembro de 2019 e entretanto infetou já mais de 220.000 pessoas em todo o mundo. Dessas, mais de 9.000 morreram e mais de 85.500 recuperaram.
O surto começou na China, que contabiliza 80.894 infetados, 69.614 recuperações e 3.237 mortos.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira. As mortes no país são três. Há ainda quatro pessoas recuperadas: a DGS identifica apenas três, mas o SAPO24 sabe que houve uma quarta alta, no São João, na passada quarta-feira.
Entre os casos confirmados, 696 estão a recuperar em casa e 89 estão internados, dos quais 20 em Unidades de Cuidados Intensivos. Até quarta-feira havia ainda 6.061 casos suspeitos e 8.091 contactos sob vigilância das autoridades de saúde.
Portugal encontra-se desde as 00:00 de hoje em estado de emergência e assim se manterá até às 23:59 do dia 02 de abril, o que prevê a possibilidade de confinamento obrigatório e compulsivo dos cidadãos em casa, assim como restrições à circulação na via pública.
*Com Lusa
(Artigo atualizado às 13:31, com mais informação)
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