Em declarações à Lusa, Ana Paula Mucha, investigadora do CIIMAR responsável pelo projeto europeu "Spilless", explicou que é através de micro-organismos existentes em amostras de água, recolhidas pela equipa, da costa norte portuguesa e da costa da Galiza, em Espanha, que vai ser possível “degradar as manchas de petróleo”.
“Os micro-organismos com capacidade para degradar petróleo já existem na natureza, só que em quantidades pequenas. Portanto, o que fazemos no laboratório é selecionar os micro-organismos que têm essa capacidade e, depois, produzimos em maior escala para que sejam aplicados no caso de existirem derrames”, afirmou.
O projeto “Spilless - First-line response to oil spills based o native microorganism cooperation”, que começou a ser desenvolvido em fevereiro de 2017 e termina em janeiro, conta ainda com o apoio do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), que está a desenvolver os veículos autónomos, os drones e os veículos aquáticos e subaquáticos que integram este projeto.
“O INESC TEC está a desenvolver um sistema que permite, antes de mais, detetar e circundar as manchas de petróleo, de modo a que os veículos que transportam as bactérias num depósito possam aplicar o tratamento nas zonas onde estão as manchas”, clarificou a investigadora.
Para Ana Paula Mucha, esta é uma solução “ambientalmente sustentável”, visto que evita a introdução de compostos químicos e outros micro-organismos nas águas, e que permite uma resposta “rápida e muito mais barata”.
“Esta solução permite uma resposta rápida, porque a mobilização destes veículos é muito eficaz e, também, muito mais barata. Assim como também evita que os operadores e pessoal técnico especializado na limpeza destes derrames esteja em contacto direto com a mancha de petróleo”, sublinhou.
A equipa do CIIMAR responsável pelo projeto já desenvolveu o equipamento piloto e prevê, que nos próximos dois anos, a solução “entre numa fase que possa ir para o mercado”.
O projeto europeu Spilless, coordenado pelo CIIMAR, foi premiado esta semana com o Atlantic Projet Awards 2018, que visa destacar projetos que impulsionam a economia azul e que preservam o equilíbrio ambiental e ecológico do oceano Atlântico.
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