O negócio dos veículos autónomos não é para todos. A Uber desistiu, a Cruise está parada e a Apple saiu de cena. Mas a Waymo, que nasceu como um projeto da Google há 15 anos, acaba de fechar uma ronda de financiamento série C de 5,6 mil milhões de dólares, liderada pela empresa-mãe Alphabet.
A ronda, que contou também com investidores como a Andreessen Horowitz, Fidelity, Perry Creek, Silver Lake, Tiger Global e T. Rowe Price, eleva o total angariado pela empresa para mais de 11 mil milhões de dólares, após ter levantado 3,2 mil milhões e 2,5 mil milhões em rondas anteriores.
Num comunicado citado pela CNBC, os co-CEOs Tekedra Mawakana e Dmitri Dolgov indicam que o financiamento será utilizado para expandir o serviço Waymo One (a app para as viagens) e desenvolver a tecnologia Waymo Driver, que possibilita a condução autónoma. A empresa opera atualmente em São Francisco, Phoenix e Los Angeles, e em Austin e Atlanta através de uma parceria com a Uber.
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O investimento surge num momento em que a Waymo realiza mais de 100 mil viagens semanais nas três principais cidades onde opera. Além disso, Ruth Porat, CFO da Alphabet, tinha anunciado em julho que a empresa-mãe se comprometeria com um investimento plurianual de até 5 mil milhões de dólares na norte-americana.
Em agosto, a Waymo anunciou planos para testar os seus veículos autónomos em condições climatéricas mais adversas, incluindo no norte da Califórnia, no norte do estado de Nova Iorque e no Michigan. Uma eventual expansão internacional está também em cima da mesa.
De projeto da Google a líder dos táxis autónomos
A história da Waymo começou em 2009, quando a Google lançou o "Google Self-Driving Car Project" num laboratório de projetos experimentais. Mas o caminho até à liderança no setor não foi assim tão simples.
Inicialmente, a Google desenvolveu a tecnologia como um sistema de copiloto que permitia aos condutores largar os controlos e retomar o volante quando necessário. Em 2015, a empresa mudou de estratégia e começou a construir o seu próprio carro, chamado "koala", um veículo de dois lugares sem pedais ou volante.
Foi em 2016 que o projeto assumiu o nome Waymo e, no ano seguinte, a empresa voltou a mudar de direção, optando por usar versões modificadas de carros que já estavam disponíveis no mercado. Atualmente, a frota da empresa é composta por SUVs elétricos da Jaguar, equipados com sensores. Ou seja, a Waymo largou os planos de construir e vender carros autónomos e passou a fabricar a tecnologia necessária para lá chegar. Isto inclui sensores, radares, câmaras, LiDAR, software e hardware, de forma a que os fabricantes possam transformar os seus automóveis em veículos completamente autónomos.
A escolha para a próxima geração de robotáxis da Waymo passa pela Zeekr, a marca premium de veículos elétricos do grupo chinês Geely. A empresa também fechou recentemente uma parceria com a Hyundai, para adicionar mais um modelo elétrico à frota de robotáxis.
Como todos os percursos, o da Waymo não foi feito sem os seus problemas. Em dezembro do ano passado, a tecnológica teve de fazer uma recolha do seu software depois de dois carros colidirem com uma carrinha que estava a ser rebocada em Phoenix. Mais: os reguladores norte-americanos estão a investigar 22 incidentes que envolvem a Waymo, incluindo colisões com carros estacionados e várias ocasiões em que os veículos estariam a desrespeitar sinais de trânsito e marcações na estrada.
No entanto, a empresa evitou acidentes mais graves, como aqueles que afetaram os concorrentes. Por exemplo, a Uber abandonou os carros autónomos em 2020, dois anos depois de um dos seus veículos ter atropelado mortalmente uma pessoa no Arizona. Já a Cruise suspendeu as operações em todo o país após um incidente com outra pessoa em outubro de 2023.
Quanto à Apple, foi notícia no início deste ano por ter descartado os seus planos de lançar um carro elétrico com capacidades de condução autónoma. Este era um projeto guardado a sete chaves e que estava em desenvolvimento há quase uma década.
Os dados divulgados pela Waymo sugerem que os seus veículos sofrem acidentes muito menos frequentemente do que os condutores humanos em vias públicas. Ainda assim, os veículos da empresa já bloquearam o trânsito, circularam na direção errada ou estiveram envolvidos em colisões, embora nenhuma tenha resultado em ferimentos graves ou fatalidades.
E quanto à Tesla?
Embora alguns potenciais concorrentes já tenham saído de cena, o próximo desafio para a Waymo pode vir da Tesla. A empresa de Elon Musk anunciou este mês o Cybercab, um protótipo de táxi autónomo que não tem volante nem pedais e custará menos de 30 mil dólares.
Mais recentemente, Musk disse que o objetivo da empresa é produzir 2 milhões de Cybercabs por ano e prometeu também lançar um serviço de táxi sem condutor no Texas e na Califórnia no próximo ano, depois de atualizar os sistemas parcialmente automatizados nos seus veículos existentes.
Por outro lado, a Waymo pretende vender a sua tecnologia a qualquer fabricante que queira transformar os seus modelos em veículos completamente autónomos. Todo o equipamento, que é volumoso e visível, será integrado nos veículos antes da produção em série.
A empresa defende que a estratégia de crescimento gradual tem sido acertada. "Crescemos de forma responsável. Construir um serviço significativo e ganhar a confiança de uma comunidade leva tempo”, afirma Aman Nalavade, gestor de produto da Waymo, citado pela Fortune.
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