"Não satisfeito em compartilhar do mesmo nome, o chefe da espionagem corrupto Ma Jian, ex-vice-ministro da agência responsável pelo meu exílio, ainda usurpou a minha face", afirmou o escritor, na rede social Twitter.
O ex-vice-ministro da Segurança Pública Ma Jian, que trabalhou na principal agência de espionagem da China durante mais de 30 anos, foi condenado na quinta-feira, por um tribunal chinês, por corrupção e uso de informação privilegiada.
Os dois homens partilham do mesmo nome, o que terá levado vários órgãos de comunicação a usarem a foto do escritor para retratar a notícia sobre a condenação do antigo espião.
"Os meus filhos ficaram surpresos ao saber que eu não sou o autor do ‘China Dream’ [a obra mais recente do autor] (…), mas sim um ex-mestre da espionagem, que acaba de ser condenado à prisão perpétua, por ter aceitado ‘subornos extremamente grandes'", ironiza numa outra mensagem no Twitter.
Os livros de Ma Jian, que vive em Londres, foram proibidos na China, depois de o seu romance sobre as viagens de um jovem jornalista chinês ao Tibete ter sido classificado pelo Partido Comunista Chinês como "poluição espiritual".
Há seis anos, o escritor conseguiu voltar ao país asiático, para comparecer no funeral da mãe, após receber uma autorização excecional, precisamente assinada por Ma Jian, o vice-chefe da espionagem agora condenado.
"É digno de Kafka, Ma Jian a dar permissão a Ma Jian", afirmou então o autor.
O autor é um forte crítico do regime chinês, que acusa de ter construído o "mundo totalitário profetizado pelo [romancista] George Orwell".
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