O fogo no Monte Farinha, mais conhecido como Senhora da Graça, e que é uma das âncoras para o turismo do concelho e uma das principais etapas da Volta a Portugal em bicicleta, deixou a montanha pintada de negro.
O alerta foi dado sexta-feira, o incêndio foi dado como estando em conclusão no domingo e hoje permanecem no terreno 90 operacionais, 24 viaturas e um meio aéreo em operações de rescaldo.
“Qualquer hectare ardido é muito (…). E, sendo onde é, nesta montanha da Senhora da Graça, com todo o valor que ela tem para este concelho, é sem dúvida dramático”, afirmou hoje à agência Lusa o vice-presidente da Câmara de Mondim de Basto, Paulo Mota.
O autarca estima que a área ardida ronde os “200 hectares” essencialmente de “pinhal e mato” e realçou a perda, “sob o ponto de vista paisagístico”, para este concelho do distrito de Vila Real, que está a fazer uma forte aposta no turismo de natureza, no lazer e no desporto.
As duas âncoras da estratégia municipal são a Senhora da Graça e a cascata Fisgas de Ermelo, no Parque Natural do Alvão (PNA).
No sopé do Monte Farinha foi criado um centro BTT, à volta da serra há percursos para passeios a pé e de bicicleta e, no cume, conciliam-se miradouros com o parapente e o santuário religioso.
A 900 metros de altitude termina uma das etapas mais importante da Volta a Portugal em bicicleta.
“Tudo aquilo que é a estratégia para a Senhora da Graça irá manter-se, mas não se pode ignorar que é uma machadada forte”, salientou Paulo Mota.
O autarca realçou que a câmara vai continuar com projetos delineados como, por exemplo, a empreitada que visa a melhoria das condições para a prática de parapente e que já está adjudicada.
“Ninguém fica indiferente, é uma perda sob o ponto de vista paisagístico. Agora, as condições que nos fazem apostar nesta montanha, quer para a sua fruição ou religiosas, admitimos que se vão manter”, referiu.
Em 1990 e 2005 também se registaram incêndios na zona da Senhora da Graça, repetindo-se agora, 15 anos depois.
O combate às chamas foi difícil devido às temperaturas altas, ao vento forte e também ao declive acentuado, ao terreno de natureza granítica, onde os meios tiveram dificuldade em entrar, e foi ainda apontada a falta de aceiros e o pinhal denso.
Paulo Mota disse que vai ter de ser feita “uma avaliação séria” e em conjunto com todas as entidades que têm competência nesta matéria, referiu que importa não repetir erros, se eles vierem a ser identificados, e sugeriu uma “abordagem diferente”, como, por exemplo, conciliar a produção florestal com o aproveitamento turístico.
Está também a decorrer uma investigação às causas do incêndio.
O vereador realçou e elogiou o trabalho dos muitos operacionais no terreno que conseguiram conter o fogo na montanha.
Depois do incêndio, fica agora a preocupação com “os lixiviados e as contaminações das linhas de água” e, segundo salientou, “vai ter de ser feito algum trabalho para reduzir esse impacto” pela câmara e entidades que têm responsabilidade de gestão.
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