Em junho, o artista britânico foi anunciado como o vencedor do prémio teórico da fundação, atribuído a cada dois anos, pelas "suas contribuições excecionais à teoria arquitetónica", avança o The Guardian.

Contudo, no domingo, dias antes da cerimónia de premiação que está marcada para quarta-feira, na cidade de Karlsruhe, no sudoeste do país, Bridle recebeu um e-mail do comité da fundação a informá-lo que tinha decidido, por unanimidade, retirar-lhe o prémio por ter assinado, como vários outros artistas, o manifesto que prometia um boicote às instituições culturais de Israel.

No email, a fundação justificou a decisão, dizendo que o Parlamento alemão tinha acabado "de aprovar uma resolução sobre a proteção da vida judaica, que aponta o caminho a seguir pelas instituições estatais e que é relevante para a sociedade como um todo".

Segundo a publicação, na resolução consta que "o Bundestag reafirma a sua decisão de garantir que nenhuma organização ou projeto que espalhe antissemitismo, que questione o direito de Israel de existir, que peça um boicote a Israel ou que apoie ativamente um boicote, receba apoio financeiro".

No documento publicado no LitHub, no final de outubro, os artistas declaravam que não iriam trabalhar com instituições culturais israelitas que tenham sido "cúmplices ou que tenham permanecido como observadores silenciosos da opressão esmagadora dos palestinianos”.

Ainda num comunicado enviado à imprensa, a fundação afirmou que a assinatura de Bridle entrava “em contradição direta” com as responsabilidades da "consciência da história nacional da Alemanha".

"Respeitamos o direito de expressar opiniões políticas (...). A fundação não acusa James Bridle de antissemitismo", lia-se. "Mas a fundação não pode apoiar nem ser associada ao isolamento cultural de Israel", continuava.

Como resposta, o artista referiu que "a decisão da fundação é uma acusação de antissemitismo" e lembra que, em 2022, o seu livro "Ways of Being", que contém uma discussão sobre o Muro do Apartheid de Israel na Cisjordânia ocupada e a relação entre "genocídio e ecocídio", foi reconhecido pelo mesmo júri.

Os prémios concedidos pela fundação, desde 1992, homenageiam um antigo arquiteto alemão, Erich Schilling, que foi membro do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), entre 1937 e 1945, e que trabalhou na construção dos escritórios da editora do jornal do partido, Der Führer.