Num artigo publicado hoje no jornal Público, quando se assinala o Dia Internacional do Refugiado, Ana Catarina Mendes agradece o contributo dos refugiados para a sociedade portuguesa, que considera plural e aberta à diferença, “apesar de alguns assomos extremistas e populistas que fogem aos mínimos civilizacionais”.
Ana Catarina Mendes lembra que no último ano chegaram a Portugal 13 vezes mais refugiados do que nos últimos sete anos. “Muitos vêm da Ucrânia, fugidos da guerra; muitos outros de tantas partes do mundo assoladas por conflitos intermináveis, pela fome, pela falta de condições de vida”, escreve.
De acordo com os dados do Conselho Português para os Refugiados (CPR), mais de 900 cidadãos estrangeiros, incluindo 59 menores não acompanhados, pediram este ano proteção a Portugal.
Em Portugal, escreve a ministra, “encontram paz e acolhimento que lhes permite ter emprego, filhos nas escolas, integração na sociedade, respostas de um Estado social forte e solidário”.
“Num mundo onde cresce o individualismo, o extremismo e a discriminação — arma que mata sem sangue, nas palavras de Hannah Arendt — é imperioso reafirmar o respeito pelos direitos humanos. A solidariedade é o princípio fundamental de uma plena integração”, defende.
A ministra recorda o histórico português no acolhimento: “ Portugal acolheu sempre, às vezes de forma discreta e envergonhada, até no sinistro período do ‘Orgulhosamente sós’, contrariando o próprio regime”. “Muitos refugiados da Segunda Guerra Mundial passaram por Lisboa a caminho dos EUA”, recorda, para depois apontar a coragem de Aristides de Sousa Mendes, “ao conceder vistos a milhares de mulheres e homens, salvando-lhes a vida”.
“Passaram 80 anos. Portugal é hoje uma democracia consolidada, respeitada e de pleno direito na comunidade internacional. É um país solidário, que acolhe quem o escolhe para viver”, acrescenta.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em 2022 os países que geraram mais refugiados foram a Síria, a Ucrânia, o Afeganistão, a Venezuela, o Sudão do Sul e Myanmar, antiga Birmânia.
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